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A evolução | Reprodução/G1
A evolução| Foto: Reprodução/G1

Demora para prender foragido intigra promotora

A fuga de Dirceu Jacobi, 29 anos, acusado de matar a cunhada, atirar no concunhado e na própria namorada, além de torturá-la, intriga a promotora de Justiça Danielle Gonçalves Thomé. Ela diz que se empenhou pessoalmente para a prisão, mas não conseguiu sucesso. "Passei o mandado de prisão à Polícia Civil, à Polícia Militar e ao Centro de Operações Policiais Especiais (Cope)." Jacobi está foragido há cerca de um ano, dos quais por nove meses manteve a namorada em cárcere privado.

A promotora tomou a iniciativa após receber no seu gabinete a mãe e a mulher torturada, logo após ele matar a irmã da sua namorada. "Sabíamos que se tratava de um bandido. A moça estava com o cabelo curto, parecia que tinha sido raspado, isso antes do seqüestro. Depois veio a outra notícia, mas infelizmente ele não foi preso", lamentou.

Danielle solicitou a prisão preventiva de Jacobi na época, denunciando-o pelo homicídio da cunhada e por tentar matar o concunhado e a namorada. A promotora deixou o foro regional de Colombo no início do ano para atuar no Juizado Especial de Violência Doméstica, em Curitiba. Por esses delitos, ele deve ser levado a júri popular em Colombo. Já a tortura será alvo de outra ação penal.

A mãe contou a romaria que fez enquanto a filha esteve desaparecida, de 21 de junho do ano passado até o último dia 16. "Procurei a polícia em Colombo, a Delegacia de Homicídios de Curitiba e o Ministério Público", disse a mãe.

Um dos cativeiros onde o vendedor Dirceu Jacobi, 29 anos, torturou e manteve em carcére privado uma mulher de 20 anos, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, era uma casa geminada num conjunto residencial da Rua Evaristo da Veiga, no Jardim Modelo, bairro Rio Verde. A residência tem dois quartos, sala, cozinha, banheiro, área de serviço e garagem.

No local resta um cachorro branco, amarrado com um pedaço de corda, na porta de entrada, e marcas de grama queimada por veneno. Segundo vizinhos, Jacobi, que continua foragido, morou de aluguel na casa nos últimos 30 dias, o terceiro cativeiro usado por ele em nove meses.

Ontem à tarde, por volta das 15 horas, um veículo Santana, cor vinho, placa IGO-5490, encostou no local e recolheu os pertences dele. Eram dois homens e uma mulher, segundo vizinhos que pediram o anonimato. O grupo ficou cerca de uma hora na residência. "Eles levaram roupas, televisão e outras coisas", afirmou uma pessoa que assistiu a mudança.

Segundo a vizinhança, Jacobi levava uma vida discreta. "Eu pensava que ele vivia sozinho. Nunca imaginei que a mulher estivesse ali", disse um vizinho. "A gente via ele saindo e chegando de moto, às vezes com um Monza branco. Além disso, só tinha o entra-e-sai diário (alguns rapazes de moto, outros a pé)", afirmou outro vizinho. A notícia da tortura tomou força nas redondezas no domingo passado, quando vários policiais estiveram na residência.

A reportagem da Gazeta do Povo encontrou o cativeiro ontem à tarde, após entrevistar a mãe da mulher, uma costureira de 40 anos. Ela contou que a sua filha passou por três casas nos nove meses de tortura, no Jardim Osasco e no Rio Verde, ambos em Colombo. Emocionada e pedindo justiça, ela disse que a filha precisou se envenenar para receber ajuda e sair do cativeiro. Tudo indica que ela ingeriu o mesmo veneno usado na grama da casa. Ela foi socorrida no último dia 16 e levada para um hospital.

Segundo a mãe, Jacobi levou a mulher no dia 21 de junho do ano passado. Na época, ele estava com a prisão preventiva decretada por matar a irmã dela, Aline Manoeli Santos, 22 anos, ferir o concunhado e tentar matar a própria namorada. Mesmo assim, ele nunca deixou Colombo, onde sempre circulou com desenvoltura.

"Fiquei apavorada quando descobri que o homem que matou a minha filha mais velha estava com a outra", disse. "Agora, estou escondida com o meu marido. A minha filha está se recuperando numa clínica. Estamos com muito medo", afirmou a mãe.

O casal se conheceu na cidade há quatro anos. O rapaz, filho do dono de uma sorveteria, dizia-se apaixonado. Ele falava que era vendedor de produtos de higiene. Mas com o tempo, a família descobriu que ele seria traficante e, além disso, maltratava a companheira. A irmã mais velha foi morta no ano passado para não denunciá-lo.

A mãe disse ainda que a filha ficou no cativeiro durante os nove meses sob ameaças. Ele dizia que mataria o restante da família (pais, avós e outros parentes). No período, ela foi agredida e teria sido obrigada a manter relações sexuais com animais, comer fezes e submetida a outras aberrações.

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