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Estado é líder em moedas falsificadas

Quando o assunto é dinheiro de metal, o Paraná é o líder na apreensão de moedas falsas no país (desde 2000), de acordo com dados do Banco Central (BC). Foram 139.138 unidades apreendidas, o equivalente a R$ 37% do volume total interceptado no país nos últimos sete anos.

O auge do derrame de moedas falsas no estado ocorreu em 2003, quando a antiga moeda de R$ 1 de aço inox – a preferida dos falsários – saiu de circulação, dando lugar para a prateada de anel dourado. Segundo o BC, 93.175 moedas foram apreendidas em 2003 no Paraná.

O período de 2000 a 2006 registrou a apreensão de 171.988. Mas o número caiu muito nos três últimos anos: foram 15.318 em 2004, 440 em 2005 e 428 em 2006. Há, porém, comentários entre os comerciantes de que começou a falsificação da nova moeda de R$ 1. Segundo estatísticas do BC, a moeda de R$ 1 é de longe a mais falsificada, 98,51%, seguida da moeda de 0,50 (1,48%).

Uma dica para se identificar uma moeda falsa é usar um ímã. Segundo o cobrador de ônibus Cléverson Gomes de Cristo, a falsificada não passa no teste do ímã. "Ele não atrai a moeda falsificada." Cristo é da estação-tubo Araçá, na linha Circular Sul, no bairro Boqueirão.

O Paraná é o quinto estado com o maior número de notas falsas em circulação desde 2000, segundo o Banco Central. No ano passado, o valor movimentado em cédulas falsificadas cresceu 48%, passando de R$ 783 mil para R$ 1,16 milhão. Em todo o país, o montante chegou a R$ 22,33 milhões, com a circulação de 570 mil cédulas ilegais – 32.462 só no Paraná. Em 2005 foram 20.107 notas no estado, sobretudo de R$ 10 e R$ 50.

O prejuízo quase sempre acaba nas mãos de cidadãos comuns, principalmente comerciantes. Neste ano, até abril, o Banco Central registrou a apreensão de 4.593 cédulas falsas no Paraná, o equivalente a R$ 148.480. O golpe é tão sofisticado que chega a confundir os próprios bancos.

Não é díficil encontrar casos de pessoas que sacaram dinheiro falso em caixas eletrônicos de bancos. Foi o que ocorreu com o auxiliar de marceneiro Gilmar Bessa, 46 anos. Ele tomou um susto ao tentar pagar as compras do mercado com uma nota de R$ 50 e ouvir da moça do caixa que o dinheiro era falsificado. O fato ocorreu no último dia 17. Segundo Bessa, a cédula havia sido sacada nove dias antes no caixa automático do Unibanco, agência Marechal, em Curitiba, quando ele retirou o dinheiro da pensão da mãe, uma senhora de 78 anos, no valor de um salário mínimo.

Na operação, Bessa recebeu três notas de R$ 10 e sete de R$ 50, uma delas considerada falsa. Diante da recusa do supermercado em aceitá-la, o auxiliar de marceneiro voltou ao banco, que se recusou a ressarci-lo do prejuízo, alegando que ele demorou mais de uma semana para reclamar. O caso acabou levado à Polícia Federal (PF), que vai investigar a origem do dinheiro.

Mal sabe Bessa que nem o caixa eletrônico da PF consegue escapar do golpe. O delegado federal Alcion Dalle Carbonari, da superintendência da PF no Paraná, conta que um funcionário recebeu uma nota falsa num caixa eletrônico na Polícia Federal mantido pelo Banco do Brasil. "A direção do banco reconheceu o erro e trocou a nota", disse. Segundo Carbonari, a polícia é procurada diariamente por pessoas que foram lesadas por notas falsas.

O delegado explicou que a vítima mais comum é o comerciante e a pessoa que pega o dinheiro invariavelmente acaba perdendo o valor, exceto quando o dinheiro é oriundo de caixa eletrônico. Desde que o cliente consiga provar isso e os bancos concordem em assumir o prejuízo. "A nota é apreendida porque ela é objeto de crime", disse. Circular dinheiro falso é crime previsto no Código Penal, com pena de três a 12 anos e multa.

Carbonari alertou que apesar de todas as campanhas feitas pelo Banco Central para a identificação de dinheiro verdadeiro em relação ao falso, algumas falsificações são quase imperceptíveis. "Há falsificações feitas com papel bom. O falsário usa cédulas de valores menores, de R$ 1, por exemplo, para fazer notas de R$ 20 e R$ 50", afirmou.

Para não ficar no prejuízo, Bessa pretende cobrar os danos materiais e morais que teve com a nota falsa de R$ 50 sacada no caixa eletrônico do Unibanco. "A polícia ficou com a nota e eu passei o vexame no mercado", disse a vítima.

Outro lado

Procurado pela reportagem, o Unibanco informou que não é comum ocorrer saque de nota falsa nos seus caixas automáticos. Segundo a assessoria de imprensa do banco, o fato registrado pelo auxiliar de marceneiro na Polícia Federal ainda está em análise pela sua diretoria.

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