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Vídeo| Foto: Reprodução / Paraná TV

Missa deixa o Anhangava 57 anos depois

Pela primeira vez em 57 anos, a Missa da Paz não foi celebrada no cume do Morro Anhangava. A tradição da romaria até o pico começou no dia 1.º de maio de 1950, quando um grupo de devotos de Nossa Senhora, liderado por João Ferrarini, João Creplive Sobrinho e Valentim Andreatta decidiu subir o morro a fim de rezar o terço pela paz mundial. A peregrinação se popularizou e o número de fiéis aumentou. O padre Rodinei Carlos Thomazella lembra que, recentemente, cerca de mil pessoas foram ao pico do Anhangava, porém a maioria não tinha a missa como prioridade. Nos últimos cinco anos, autoridades ambientais tentaram impedir a romaria. No ano passado, a missa foi rezada no pé do morro. Thomazella aprovou a mudança para o Morro Samambaia. "A gente está saindo de uma crise. As pessoas deixaram de ir ao morro com medo de a missa não acontecer", disse. A história da missa é contada em mais detalhes no livro Monsenhor Camilo Ferrarini: Vida e Obra, escrito por Sebastião Ferrarini e Milva Regina Guarnieri Savi.

Pollianna Milan e Jorge Olavo

A cerca de 1,2 mil metros de altura, a tradicional Missa da Paz foi celebrada ontem em um novo endereço – no cume do Morro Samambaia, em Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba, ao invés do pico do vizinho Morro do Anhangava, onde tradicionalmente era realizada. Apesar do dia ensolarado e quente, a participação de fiéis foi tímida. Durante a manhã, cerca de 70 pessoas acompanharam a missa rezada pelo padre Rodinei Carlos Thomazella, da Paróquia São Sebastião.

Para controlar o número de pessoas no morro, foram distribuídas cerca de 200 credenciais para as duas missas, da manhã e do início da tarde. Entretanto, muitas pessoas aproveitaram a autorização para passear pela montanha. A mudança de local foi determinada para diminuir o impacto ambiental na região – nos dois últimos anos, a missa não foi rezada no topo do Anhangava por determinação das autoridades ambientais e foi realizada no pé do morro.

O pequeno número de pessoas não desanimou o padre. "As pessoas saíram felizes. Com essa experiência, vão sentindo que vale à pena recomeçar (a tradição da missa no alto do morro). A mudança foi positiva", avaliou Thomazella. "Desta vez subiu quem ia para a missa. Antes tinha gente que subia com outros objetivos", lembrou o padre. Ele torce para que o Samambaia se torne um ponto fixo para a celebração, o que deve contribuir para que o evento fique cada vez mais organizado.

Para o secretário de Estado do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, a mudança é "um passo importante" depois de cinco anos de reuniões e discussões. "A gente tem a consciência clara de que uma missa com tradição não deixa de acontecer por uma decisão administrativa", afirmou. Ele acredita que a "cristianização" de um lugar faz com que aumente a peregrinação.

Mesmo sendo considerada mais fácil do que o caminho do Anhangava, a trilha do Samambaia, com cerca de três quilômetros, exigiu preparo físico. "Tem de ter fôlego. O pessoal vai sentindo a queda de pressão", comentou o bombeiro Carlos Lemos. A água era essencial para enganar a sede e o cansaço. A peregrinação começou logo cedo – por volta das 8 horas, os primeiros fiéis iniciavam a subida.

Entre aqueles que acompanharam a missa estava Suelen Klimpel, 21 anos. Desempregada há quase um ano, ela foi pedir benção para conseguir um novo emprego. "Ano passado eu vim para agradecer o meu emprego", contou a moça, que já havia subido o morro outras quatro vezes.

Já Nelson Ribeiro da Silva, 58 anos, foi agradecer o emprego de gerente imobiliário que conseguiu há 12 anos. "Vim agradecer a Deus por me dar esse emprego, apesar da idade que eu tenho", disse. Foi o 20.º ano seguido em que Silva acompanhou a Missa da Paz. Mas há quem se interesse mais pela bela paisagem. Enquanto a mãe acompanhava a missa, Flávia Jaqueline Santos, 16 anos, admirava o horizonte. "A gente fica mais em paz. Esquece um pouco dos problemas e dá uma descansada."

No pé do morro, dezenas de famílias aproveitaram o dia para fazer piqueniques. "O movimento diminuiu bastante. Antes era mais divertido. Vinha gente de todos os lugares", afirmou a dona de casa Rosemeri Fátima Oliveira, 40 anos. Enquanto a missa do padre Thomazella acabava com a bênção e o pedido de paz, uma briga entre dois grupos rivais de jovens levou pânico a quem estava lá embaixo. Quatro rapazes – um deles ferido – foram detidos por policiais militares e encaminhados à delegacia local.

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