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"Valeu tio"; "oi Buba", "tchau seu Babi", "e aí, Robert". Esses são alguns dos apelidos do ex-arte finalista Roberval Marte dos Santos, 50, também conhecido como Babiak, candidato ao mais popular dentre os 260 jornaleiros da capital. Ele é de fato muitos em um. E se desdobra como pode para atender a inacreditável clientela de 1,7 mil pessoas por dia na loja de 20 metros quadrados que abriu, há duas décadas, na pouco conhecida Travessa Teixeira de Freitas, no Alto São Francisco.

A maior parte da clientela é juvenil. Verdade seja dita, jornal e revista não é o que mais compram, preferindo o arsenal de doces, salgados e refrigerantes que o amável Babiak não deixa faltar nas prateleiras. Cada pacote de calorias é acrescido de gracejos, piadas e declarações de amor às garotas. É o bastante para que tenha se tornado uma espécie de celebridade local, inconteste e imbatível.

A escola de Babiak foi das melhores – a publicidade. Natural da zona rural de Cruzeiro do Oeste, no Norte do Paraná, Robert veio em busca de trabalho. É quando sua história se cruza com a da maioria dos jornaleiros: empregou-se no mercado editorial, iniciando carreira na Impressora Paranaense. Até que ouviu o canto da sereia, empregando na agência PAZ (diz-se pê-á-zê), onde dividia o teto com Paulo Leminski e Solda, para citar alguns dos geniais com quem conviveu dali em diante, nessa e em outras agências.

Quando os computadores o substituíram nos past-ups, o popular Roberval se decidiu pela carreira solo, abrindo uma banca de revistas. Acertou em cheio, até ser novamente derrubado pela nova ordem do mundo de jornais e revistas. "Já vendi muito. Estou me levantando", diz o comerciante hiperativo, para quem as freguesas são "deusas", os fregueses "amigões". Ninguém reclama das balinhas dadas de troco. E há quem lhe pergunte "qual é a última".

A última, entenda-se, são os projetos de Babiak para a cidade. "Você já pensou no bem que o comprador de uma palavra cruzada faz pelo mundo? Enquanto se instrui numa revistinha dessas não está gastando água. Temos de valorizar essa gente...", principia. A prosa dura pouco. Todos querem Babiak. Esse nome, a propósito, é do sogro do jornaleiro e está na fachada da banca. Infelizmente, sogrão perdeu o lugar.

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