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Movimento no dia de Finados do ano passado no Cemitério Santa Cândida: prefeitura exige manutenção constante dos túmulos | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Movimento no dia de Finados do ano passado no Cemitério Santa Cândida: prefeitura exige manutenção constante dos túmulos| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Para pedreiros é hora de ganhar

Em cada esquina do Cemitério do Água Verde, Adão Passarinho aponta um túmulo construído com suas mãos. Ele até já perdeu as contas de quantos foram. Outros jazigos ele indica com o mesmo orgulho: são crias de seu pai.

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Os quatro cemitérios municipais de Curitiba – Santa Cân­­dida, Boqueirão, Água Verde e São Francisco de Paula, o Mu­­nicipal – estarão fechados em 31 de outubro e 1.º de novembro (fim de semana anterior ao dia de Finados) para uma operação "pente-fino". Nas datas, a intenção da prefeitura é cuidar dos espaços, sobretudo nos aspectos de limpeza e manutenção, para receber o grande movimento do feriado. Com isso, o prazo final para construção, reformas e pinturas de túmulos, além da lavagem dos jazigos, será 30 de outubro. A maioria dos cemitérios privados estará aberta diariamente para reformas e limpeza. Os serviços funerários, como sepultamentos, funcionarão normalmente.

O movimento de pedreiros e parentes atuando na reforma e rearranjo de túmulos já é grande. Aliás, nos meses de setembro e outubro, o aumento de trabalho significa grande parte dos ganhos anuais dos operários. No mesmo período, os parentes buscam dar as melhores condições possíveis aos túmulos. O cuidado e a atenção, entretanto, não se repetem durante todo o ano. Tanto é que, nos últimos dez anos, a prefeitura reverteu a concessão de 521 lotes no Água Verde. Atualmente, 138 jazigos estão em processo de reversão no Boqueirão.

Há, contudo, quem se dedique a cuidar do túmulo do parente como se fosse a própria casa, caso da proprietária de floricultura Izabel Domingues. "Isso vem de geração. Minha mãe fazia isso pela minha avó e meus tios", conta. Quando dona Verônica, sua mãe, era viva, Izabel não gostava de ir ao cemitério e não via muita importância em visitar os falecidos. Após a morte da mãe e da irmã, o pensamento mudou completamente. "É algo material, mas me dá uma satisfação muito grande. Gosto de colocar flores especiais, mais nobres, aproveitando minha facilidade para comprar. Mas ainda assim continuo orando e pensando nelas, porque sou uma pessoa espiritualista", diz.

Izabel, 52 anos, trabalha vendendo flores e arranjos praticamente desde criança. Com experiência de sobra, ela relata a existência de clientes assíduos, com hábitos semelhantes ao dela. "Essas pessoas acabam se tornando amigos. Um senhor vem aqui diariamente, já se tornou um ritual para ele. No início, a gente até se assustava, mas ele diz que sente uma paz de espírito muito grande", afirma. Conforme Izabel, para quem trabalha no ramo, mexendo invariavelmente com a morte, é perceptível a queda de movimento nos cemitérios nos últimos anos. "Esse cuidado varia de pessoa para pessoa. Mas em geral, desde que comecei a trabalhar, o movimento caiu muito", diz.

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