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“Nardão” é acusado de ser o mandante da chacina, após a morte de um adolescente de seu grupo | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
“Nardão” é acusado de ser o mandante da chacina, após a morte de um adolescente de seu grupo| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Secretário admite ir à Assembleia

O secretário Luiz Fernando Delazari afirma que irá à Assembleia Legislativa, caso seja convocado. "Isso depende dos deputados. Sou um secretário de Segurança Pública, não privado... estou aqui falando com vocês, posso falar lá", disse. O pedido de convocação, feito pelo líder da bancada de oposição, deputado Elio Rusch (DEM), deve ser votado na terça-feira.

Delazari criticou os políticos que, segundo ele, usaram a chacina para fazer política partidária. "São abutres que querem ganhar palanque em cima dos corpos. Admito críticas à atuação da secretaria, mas não admito palanque em cima de tragédias." (GV)

  • Róger Bispo, 20 anos, é um dos integrantes da chacina
  • Ezequiel dos Santos, 18 anos, foi um dos cinco suspeitos presos
  • Veja que o Uberaba viveu dias de medo desde a chacina

Um grupo de "moleques", nas palavras do secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fer­­nando Delazari, foi apresentado na manhã de ontem pela polícia como autor da chacina que deixou oito pessoas mortas no Bolsão Audi União, Uberaba, no sábado passado. Quatro suspeitos teriam confessado o crime: Wagner Jayson Pascoal, 23 anos; Ezequiel dos Santos, 18 anos; Edi Miranda, 21 anos; e Gil­­mar dos Santos Bandeira, 25 anos. A participação de Roger Fernando Bispo, 20 anos, preso na terça-feira, só foi confirmada na tarde de ontem. Outros dois homens também tinham sido identificados: um deles, um adolescente de 16 anos, foi preso no fim da tarde de ontem, perto do local da chacina, e admitiu ter dirigido um dos carros, sem fazer disparos. O homem preso segunda-feira em uma lanchonete de Curitiba permanece detido, mas sua participação na chacina está descartada.

Pascoal, conhecido nas vilas que integram a Audi União como "Nardão", é apontado como líder do grupo. Pai de oito filhos – o último nasceu há cerca de 10 dias –, o rapaz já tinha passagem pela polícia por homicídio. Os membros do grupo liderado por Nardão usavam como símbolo um olho dentro de uma cruz. A imagem era tatuada nas costas dos integrantes.

De acordo com o delegado Hamilton da Paz, da Delegacia de Homicídios, teria partido de Nardão a ordem para a matança. "Um adolescente membro do grupo dele foi assassinado na vila. Esse rapaz, por ser mais novo, seria um ‘sobrinho’, na linguagem do tráfico, do Nardão. A chacina foi a vingança", disse.

As prisões ocorreram entre as 17 horas de quinta-feira e a madrugada de ontem. Pascoal e Ezequiel foram presos na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Já Miranda e Bandeira foram detidos no Cajuru. Com os dois foi apreendida a pistola 9 mm usada na chacina e uma carabina calibre 12, que não teria sido usada na matança. A polícia ainda busca uma pistola .40, uma pistola .380 e uma carabina, além dos carros que o grupo usou: uma Parati e um Santana.

Motivados por um acerto de contas e realizados com armamento pesado, os oito assassinatos não teriam relação com o crime organizado, segundo Delazari. "Foi coisa de moleques malucos, que admitiram estar sob efeito de drogas no momento da ação", afirmou. Segundo o secretário, os detidos estavam encurralados, sem ter dinheiro para fugir ou comprar carga de celular. As armas usadas na chacina, porém, teriam sido "alugadas ou emprestadas". "É algo que tem se tornado comum. Grupos que alugam armamento para bandidos menores", diz. Nenhum dos suspeitos falou com a imprensa. O secretário também refutou as informações sobre o toque de recolher. Segundo ele, os suspeitos afirmam que nunca deram tal ordem. "O que houve foi uma boataria motivada pelo medo", alegou.

Um jovem que sobreviveu ao crime confirmou para a reportagem da Gazeta do Povo a participação de Nardão e Ezequiel dos Santos, o "Zóio", na chacina. Uma liderança comunitária das vilas Icaraí e União também confirmou que Nardão atuava traficando drogas na região. Apesar das prisões, o clima no Bolsão Audi União continua tenso. Os moradores dizem ter medo, já que dois suspeitos permanecem soltos. Ontem, os boatos sobre o suposto toque de recolher persistiam.

Colaborou Themys Cabral

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