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Vinte pessoas acusadas de integrar uma quadrilha de "crackers" (piratas de computador), que desviava dinheiro pela internet, foram presas nesta sexta-feira durante uma operação do Ministério Público do Rio Grande do Sul. A ação, batizada como "Operação Nerd II", aconteceu simultaneamente no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Apontado como o chefe intelectual da quadrilha, o paulista R. C. B., de 22 anos, foi detido no início da manhã desta sexta em casa, num condomínio fechado no bairro São Braz, em Curitiba. Próximo dali, numa outra residência, a polícia prendeu M. S. C., 29 anos - apontado também como chefe do grupo criminoso.

Os dois já tinham sido presos. O primeiro foi detido em dezembro de 2006 pela Polícia Federal (PF) durante a "Operação Ponto.Com". O paulista, no entanto, estava em liberdade. M. S. C. já tinha passagem pela polícia de São Paulo. Os dois devem permanecer presos na Delegacia de Vigilância e Captura, na capital paranaense. Na segunda-feira, R. C. B. deve ser transferido para o Rio Grande do Sul.

De acordo com o promotor de Justiça Ricardo Herbstrith, que comandou a operação, o esquema consistia, inicialmente, no desvio de dinheiro pela internet em todo o Brasil. "As contas de empresas eram os principais alvos, uma vez que movimentavam mais dinheiro", conta, deixando claro que há registros de pessoas físicas lesadas pela quadrilha. O promotor acredita que nos últimos 10 meses, o grupo criminoso tenha desviado cerca de R$ 10 milhões.

Inicialmente porque quando M. S. C. foi detido, a polícia encontrou diversos equipamentos usados para clonar cartões - esquema que até então o MP-RS desconhecia. O paulista então era responsável pelas ações via internet, enquanto M. S. C. dava auxílio e clonava os cartões. Cinco carros e uma moto foram apreendidos.

No Paraná estavam os mentores intelectuais da quadrilha, enquanto no Rio Grande do Sul e Santa Catarina foram presas os "laranjas" - pessoas que forneciam, mediante pagamento, suas contas e cartões bancários para que o dinheiro fosse sacado na boca do caixa pela quadrilha. "Essas pessoas cooptadas recebiam em média 10% do valor do saque", explica Herbstrith. "O valor máximo por saque era R$ 5 mil", completa.

Um desses "laranjas" foi preso em Maringá, na região Noroeste do Paraná. A mãe de R. C. B. foi detida quando caminhava em um parque da cidade. Em Porto Alegre, foi detida uma estudante de 23 anos, também apontada como "laranja", que participaria da cerimônia de conclusão do curso de Fisioterapia nesta sexta-feira.

A investigação começou há cerca de nove meses depois que as vítimas passaram a reclamar para os bancos dos desvios de dinheiro nas contas. Os bancos então procuraram o Ministério Público do Rio Grande do Sul que passou a investigar. Uma das ações dos promotores, foi monitorar, com autorização judicial, conversas telefônicas de todos os envolvidos.

Os acusados responderão pelos crimes de furto mediante fraude, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, podendo ser condenados de seis a 21 anos de prisão. Há pistas de que existem outros núcleos de saque em outras regiões do país.

Matéria atualizada em 07/05/2024 para substituição dos nomes dos envolvidos por suas iniciais. No julgamento de recurso, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul absolveu os acusados. A decisão transitou em julgado e o processo foi encerrado.

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