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Corregedoria investiga facilitação de pontos de droga

As Corregedorias das Polícias Civil e Militar também vão investigar a participação de policiais no esquema de venda de drogas do PCC, de acordo com o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira. Para o diretor do Deic, Wagner Giudice, não há informações de que agentes do Estado integrem a organização criminosa. No entanto, a polícia sabe que alguns policiais facilitam o funcionamento das "biqueiras" (pontos de venda de droga).

"Eles não fazem parte do esquema da organização. O que a gente coletou em escutas, em anotações, foi que, eventualmente, o policial passa na "biqueira" e ali ele arrecada o dinheiro que há naquele momento", afirmou Giudice. Ainda de acordo com ele, não há informações de que policiais que tenham contato com integrantes do PCC estejam transportando drogas para a facção. "É muito mais uma situação de corrupção e extorsão cometida por funcionário público do que qualquer outra coisa", explicou Giudice. Ele disse que o nome de policiais aparecem em anotações apreendidas. "Não são líderes do crime", disse.

Pela primeira vez, a Polícia Civil de São Paulo afirma que líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) organizam o tráfico e outras atividades criminosas no Estado diretamente do exterior. Segundo Wagner Giudice, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), dois deles são foragidos da operação que terminou com 40 presos no fim de semana. Mais: o líder máximo da facção, Marco Willians Herbas Camacho, Marcola, é chamado agora de Russo.

A Polícia Civil tem informações de que Wilson José Lima de Oliveira, o Neno, está em Orlando nos Estados Unidos. De acordo com Giudice, a suspeita é de que ele tenha viajado para aprender como cartéis de drogas do México se organizam. Oliveira faz parte da "cebola" da facção. O setor é responsável por arrecadar as mensalidades de R$ 600 pagas pelos integrantes do PCC. A polícia afirma que o dinheiro é usado para gerar fundos e custear a estrutura da organização criminosa.

Já Fabiano Alves de Souza, o Paca, está no Paraguai. Dos quatro líderes da facção identificados pela polícia, é o único que está em liberdade.

Segundo a Polícia Civil, o grupo é conhecido como sintonia final geral e tem Marcola como líder. "Existe um conselho linear. O Marcola é mais intelectualmente preparado e tem uma liderança carismática", disse Giudice. Na operação que teve o apoio do Ministério Público, a polícia descobriu que Marcola, preso no presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, usa um novo nome para se comunicar com outros integrantes: "Russo". A polícia achou 30 quilos de droga com o novo codinome do líder do PCC.

De acordo com Ruy Ferraz Fontes, delegado titular da Divisão de Investigação de Crimes contra o Patrimônio do Deic, Marcola continua dando ordens de dentro do presídio. Dois outros integrantes, na mesma unidade prisional, repassavam as informações para criminosos que estão na rua. "(Eles) Repassam os dados para pessoas que ocupam determinadas funções em hierarquia piramidal na rua", disse Fontes. Entre os integrantes que recebiam os recados de Marcola estão Souza, foragido no Paraguai, e Amarildo Ribeiro da Silva, o Julio, preso no sábado.

Financeiro

Silva é apontado pelas investigações como o um dos líderes do setor financeiro do Primeiro Comando da Capital. Conforme a Polícia Civil, o criminoso gerenciava um faturamento mensal de cerca de R$ 7 milhões. Além disso, Silva também era o responsável por liberar altas quantias de dinheiro para compra de drogas. A Justiça bloqueou três contas utilizadas pelo acusado.

Prisões

O promotor público Lafaiete Ramos, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do ABC, que acompanhou todo o caso, diz que as prisões feitas na operação têm prazo de 30 dias. "Se a Polícia Civil relatar esses inquéritos nesse período, consigo prorrogar as prisões", afirmou o promotor.

A Justiça deve receber pedido da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual para que Marcola e os demais líderes presos da facção voltem para o chamado Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), tratamento de isolamento que restringe o contato deles.

Ordens para o PCC saem da cela por meio de cartas

A Polícia Civil de São Paulo sustenta que Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, usava cartas para parentes e advogados para manter o contato e dar ordens para o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo o delegado Rui Ferraz Fontes, um dos encarregados da operação detalhada nesta terça-feira, 15, há evidências dessa comunicação em parte do material apreendido no cumprimento de 47 mandados de busca e apreensão emitidos pela Justiça após os seis meses de investigação que antecederam a nova investida contra a facção criminosa que age nos presídios paulistas.

O mesmo método seria adotado pelos demais acusados de serem a "sintonia final geral", ou cúpula da facção, Edilson Borges Nogueira, o Birosca, e Rogério Geremias de Simone, o Gegê do Mangue, para orquestrar a organização, segundo o delegado. Fontes diz ainda que há mensagens com ordens para outros crimes, mas sem especificar quais são.

A polícia apresentou o que seria um organograma administrativo do PCC. Inclui 13 "subseções administrativas", que vão desde a "padaria" (centro logístico para distribuir as drogas para os pontos de venda), ao paiol de armas (armazenamento de munição) e uma central para cadastro dos membros da facção.

Segundo a polícia, esses setores operavam independentemente de controle direto da "sintonia final geral", uma vez que cada integrante sabia sua função. Mas, uma vez por mês, se reuniam para fechar a contabilidade da facção.

Lotações

A Polícia Civil informou não ter indícios de que o PCC tenha participação no serviço de lotações de São Paulo - investigação que resultou no flagrante do deputado estadual Luiz Moura (PT) com acusados de integrar a facção. "Mas os membros podem ter lotações por conta", afirma o delegado Wagner Giudice.

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