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Cerca de 2,4 mil barris de óleo vazaram de um poço da  Chevron em novembro | Rogério Santana / Reuters
Cerca de 2,4 mil barris de óleo vazaram de um poço da Chevron em novembro| Foto: Rogério Santana / Reuters

Outro lado

Petrolífera diz que acusação é "ultrajante"

A Chevron classificou de "ultrajante e sem mérito" o conteúdo da de­­núncia entregue à Justiça pelo Mi­­nistério Público Federal. "Não há evidência técnica ou factual que demonstre qualquer conduta in­­tencional ou negligente por parte da Chevron ou de seus empregados no que diz respeito ao incidente", in­­forma nota divulgada ontem pe­­la empresa.

Segundo a nota, o va­­zamento está reduzido a "gotas de óleo intermitentes". Em sua entrevista, o advogado da empresa na área criminal, Nilo Batista, disse que ha­­via "indícios técnicos" de que o epi­­sódio mais recente não tem a ver com o vazamento de novembro.

Os advogados da petroleira questionaram o pedido de indenização de R$ 20 bilhões e minimizaram possíveis danos ambientais. "Os danos, se existiram, foram mínimos", afirmou o advogado Oscar Graça Couto, que atua na área cível. (AE)

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou ontem a Che­­vron, a Transocean e 16 pessoas li­­gadas às empresas sob acusação de cri­­me ambiental e dano ao patrimônio público pelos acidentes re­­gistrados em 7 de novembro de 2011 e 13 de março no Campo de Fra­­de, na Bacia de Campos, norte flu­­minense. O procurador da Re­pública Eduardo Santos também pediu à Justiça que determine o sequestro de todos os bens dos denunciados e o depósito de uma fiança de R$ 1 milhão por pessoa e R$ 10 milhões por empresa.

O presidente da Chevron no Bra­­sil, George Buck, e mais três fun­­cionários da petroleira americana responderão ainda a acusações de falsidade ideológica, por te­­rem alterado documentos apresentados a autoridades públicas, segundo a denúncia, e também por dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público, se omitir em cum­­prir obrigação de interesse am­­biental e apresentar um plano de emergência considerado enganoso. "Existe uma sinalização a ser dada. O recado é que, no Brasil, não se vai praticar crime ambiental im­­punemente. Até mesmo porque a im­­punidade é um dos problemas des­­te país, que o MPF combate", dis­­se o procurador.

A declaração foi em resposta a uma pergunta de um repórter so­­bre queixas em relação a eventual exa­­gero na atuação do MPF no ca­­so, se comparado com outros vazamentos em que os danos foram maiores. "Se chamam de exagero acusar criminalmente uma em­­pre­­sa que se mostrou irresponsável e o ato de fazer cumprir a legislação brasileira, então não me in­­comodo", acrescentou Santos. Se­­gundo ele, em caso de condenação, as penas podem variar de 5 a 31 anos de prisão.

De acordo com a denúncia, ba­­seada no inquérito da Polícia Fede­­ral e apresentada na 1ª Vara Fede­­ral de Campos, o derramamento de óleo afetou "todo o ecossistema ma­­rítimo, podendo levar à extinção de espécies", e causou impactos às atividades econômicas da re­­gião, além de danos ao patrimônio da União – neste caso, o argumento é que se trata de uma concessão. O uso de pressão acima da su­­portada ocasionou fraturas nas pa­­redes do poço, provocando va­­za­­mento mesmo após o seu fechamento, escreveu Santos, que acusa as empresas de terem provocado uma "bomba de contaminação de e­­feito prolongado". O procurador tam­­bém é autor de ação cível que pe­­de indenização de R$ 20 bilhões pe­­lo acidente de novembro. Quin­ze dos denunciados já foram impedidos de deixar o país sem autorização judicial.

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