Pode ser impessoal, ou até indelicada, mas a demissão do ministro Arthur Chioro, por telefone, na terça-feira (29), não pode ser chamada de inédita. A ligação da presidente Dilma Rousseff para Chioro não teria durado mais do que dois minutos. Talvez Chioro tenha sido o ministro demitido em conversa mais rápida no governo PT, mas não foi o único a receber a má notícia ao som da voz do chefe pelo fio do telefone. Ainda em seu primeiro governo, em 2004, o ex-presidente Lula telefonou para o então ministro da Educação Cristovam Buarque e o demitiu. Se dispensar alguém por telefone pode ser considerado falta de consideração, fazer isso ao vivo, pela TV, não deve ser uma boa experiência para quem é mandado embora. Por incrível que pareça, o antropólogo Luiz Eduardo Soares passou por isso quando foi coordenador e subsecretário de Segurança Pública do ex-governador do Rio Anthony Garotinho.
No caso de Cristovam, além de ouvir a notícia do outro lado da linha, ele também a recebeu do outro lado do Oceano Atlântico. O então ministro estava de férias em Portugal, de onde seguiria para a Índia, para encontrar a comitiva de Lula. Surpreso e chateado com a “desconsideração”, como afirmou estar na época, Cristovam deixou claro o descontentamento se recusando a acompanhar Lula na viagem. Mais do que a demissão por telefone, o então ministro ficou magoado por descobrir que o sucessor, Tarso Genro, já havia sido convidado para ocupar seu cargo dois dias antes da demissão.
Já sabia
Em nota, Chioro disse que já havia sido informado por duas vezes pela presidente de que ela precisaria do cargo para a reforma ministerial. Numa delas, a conversa foi por telefone.
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