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Moradores queimaram pneus e móveis na tarde deste domingo para protestar contra os alagamentos no Boa Vista | Priscila Forone / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Moradores queimaram pneus e móveis na tarde deste domingo para protestar contra os alagamentos no Boa Vista| Foto: Priscila Forone / Agência de Notícias Gazeta do Povo

O temporal da tarde de sábado (2) causou estragos em 18 bairros de Curitiba e quatro municípios da região metropolitana (RMC). Por causa dos prejuízos, moradores do Boa Vista - um dos mais atingidos pela chuva - fizeram protestos em sete pontos do bairro na tarde deste domingo (3). Eles queimaram pneus e móveis contra a falta de ação do poder público no bairro.

A chuva causou também a morte de um idoso em Curitiba. Ele foi arrastado pela correnteza ao atravessar a Rua Mateus Leme no sábado e morreu afogado. Ainda nesta tarde, havia rescaldos do temporal de sexta-feira (1º). O fornecimento de energia elétrica para 254 domicílios só foi totalmente normalizado por volta das 18h deste domingo.

Temporal

Falta de luz

Protesto no Boa Vista

Idoso arrastado pela correnteza

Moradores limpam estragos de sexta

Confira um vídeo do temporal no bairro Pinheirinho

Confira imagens da chuva

Temporal

O temporal da tarde de sábado (2) causou estragos em 18 bairros de Curitiba e quatro municípios da região metropolitana. De acordo com a Coordenadoria da Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, ocorrências foram registradas nos bairros Boa Vista, Pilarzinho, Tingui, Bacacheri, Santa Felicidade, Bairro Alto, Cajuru, São Lourenço, CIC, Boqueirão, Alto Boqueirão, Jardim das Américas, Bairro Novo, Hauer, Santo Inácio, Uberaba, Fazendinha e Fanny.

A chuva causou alagamentos, desabamentos de residências, destelhamentos, quedas de árvores e muros. Pinhais, Colombo, Almirante Tamandaré e Campo Magro, todos municípios da RMC, tiveram registros de alagamentos.

A Defesa Civil informou na tarde deste domingo (3) que atendeu 64 chamados por conta da chuva de sábado (2) em Curitiba. Sete ocorrências de destelhamentos, 7 desabamentos, 12 quedas de árvores e 38 alagamentos. O Corpo de Bombeiros registrou 40 chamados, sendo 27 quedas de árvores e 13 alagamentos.

Em Santa Felicidade, um córrego da Rua Marcos Mocellin não venceu a quantidade de água e transbordou. O alagamento subiu quase um metro e invadiu, pelo menos, três residências. Um carro chegou a ficar praticamente embaixo da água. Segundo uma moradora da região, a força da água foi tão forte que arrancou pedaços do asfalto.

No Boa Vista foram registrados 31 alagamentos. Entre outras, ficaram alagadas as ruas Valdomiro Silveira e Santo Celestino Coleto e Carlos de Campos. Já na Rua Capistrano de Abreu, um muro caiu por conta do temporal. No Bacacheri, o alagamento foi na Rua Guilherme Ihlenfeldt. No São Lourenço, a rua afetada pela chuva foi a Cecília Meireles. As vias alagadas do Bairro Alto foram as ruas Sebastião Silva e Domingos Fernandes Maia. No Tingui, o alagamento ocorreu na Rua Diógenes do Brasil Lobato. No Pilarzinho, um muro caiu na Rua Jornalista Geraldo Russe. No Cajuru, segundo a Defesa Civíl, quatro casas ficaram destelhadas com as chuvas. Foram registradas também quedas de árvores nos bairros CIC, Boqueirão, Jardim das Américas e Hauer.

A chuva durou menos de duas horas. O céu escureceu na capital por volta das 15h20. Segundo a meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar, Ana Beatriz Porto, o volume de chuva do sábado foi menor do que o de sexta. A previsão é que as chuvas continuem nos próximos dias, mas sem a instabilidade dos dois últimos temporais.

Falta de luz

O fornecimento de energia elétrica para 254 domicílios foi normalizado no final da tarde deste domingo. Segundo a Copel, a rede terminou de ser consertada por volta das 18 horas ? 49 horas após os estragos causados pela chuva de sexta-feira.

Até as 18 horas, havia consumidores sem luz nos bairros Hauer, Jardim das Américas, Jardim Botânico e Uberaba. Ao todo, 31 postes tiveram de ser trocados - três substituições foram feitas na tarde de domingo.

O temporal de sexta-feira resultou em 1.500 ocorrências à Copel. Pelo menos 250 técnicos e eletricistas trabalharam para atender essas ocorrências nesta tarde.

Doze bairros chegaram a ser afetados pela falta de energia: Bairro Alto, Cajuru, Capão da Imbuia, Vila Fanny, Guabirotuba, Hauer, Jardim Botânico, Jardim das Américas, Parolin, Prado Velho, Tarumã e Uberaba.

Segundo a Copel, além da chuva, o temporal de sexta-feira foi acompanhado de raios e ventos fortes e por isso houve avarias na cidade. A Copel informou que aproximadamente 24% dos domicílios de Curitiba ficaram algum momento sem energia elétrica por causa do temporal de sexta-feira. Das 700 mil unidades ligadas à rede, 167 mil foram atingidas.

A chuva de sábado (2) deixou alguns consumidores sem luz, mas foram problemas pontuais e essas situações foram resolvidas, segundo a Copel.

Protesto no Boa Vista

Moradores do Boa Vista ? um dos mais atingidos pela chuva - fizeram protestos em sete pontos do bairro. Eles queimaram pneus e móveis e reclamaram da falta de ações do poder público na região. A chuva fez com que o Rio Atuba transbordasse e a água subiu quase um metro. As manifestações ocorreram nas ruas Valdomiro Silveira, Santo Celestino Coleto, Vicente Geronazzo.

Os manifestantes pediam que a prefeitura de Curitiba retirasse lixo, galhos e mato do bairro. Segundo eles, as manilhas que foram colocadas nos bairros não davam conta do volume da água registrado.

Um dos objetivos dos moradores era conseguir escoar a água que se acumulou nos terrenos. Um deles era Fernando Laertes, 43 anos, que se juntou com oito vizinhos para abrir uma espécie de ?calha? no quintal para permitir que a água pudesse escorrer. Ele afirmou que irá contratar uma empresa para dar continuidade às obras e trocar as manilhas.

Idoso arrastado pela correnteza

Um idoso morreu ao ser arrastado pela correnteza do Rio Belém, que transbordou no bairro São Lourenço, no sábado (2). Romão Garcia, de 83 anos, tentava atravessar a Rua Mateus Leme, nas proximidades do Parque São Lourenço, e não resistindo à força da correnteza, foi arrastado e acabou morrendo afogado.

O corpo da vítima foi encontrado a 200 metros adiante, de acordo com o Corpo de Bombeiros. O enterro foi realizado, em Curitiba, na tarde deste domingo.

Moradores limpam estragos de sexta

Os moradores do bairro Hauer ainda se recuperavam do susto e contabilizavam no sábado (2) os estragos provocados pela forte chuva que caiu na sexta-feira. Árvores e postes caídos nas ruas e sobre casas e carros amassados podiam ser vistos pela região.

Alguns moradores passaram a noite limpando a frente de suas casas. Os maiores estragos podiam ser observados nas ruas Professor João Soares Barcellos, Presidente Pádua Fleury, Tenente Francisco Ferreira Souza e Anne Frank.

Na manhã deste sábado, funcionários da prefeitura de Curitiba faziam a limpeza de ruas e calçadas. Num trecho de oito quadras da rua Tenente Francisco Ferreira Souza, nas imediações do banco HSBC, podiam ser observados galhos e árvores caídas nos dois lados da pista. No Terminal Hauer, ainda havia galhos de árvores caídos.

A falta de energia ainda prejudicava os moradores e motoristas que passavam pela região. Pela manhã, agentes da Diretran orientavam o trânsito em três ruas transversais à Avenida Marechal Floriano Peixoto, pois os semáforos ainda continuavam apagados. Equipes da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) trabalhavam para o restabelecimento da energia em parte do bairro.

Hugo Alberti, morador do bairro Hauer, caminhava nesta manhã pelas ruas do bairro observando os estragos. Desolado, ele fotografava com sua mulher e diz não ter visto nada semelhante no bairro desde 1965, quando nele chegou. ?Resido num conjunto de edifícios aqui perto, era 17h15 [desta sexta] e para minha surpresa o tempo escureceu em segundos. Foram 10 minutos de chuva forte?. Ele conta que não pôde ficar perto da janela, pois a chuva e o vento estavam muito fortes.

Ainda abalada, a aposentada Rosi Leal da Silva, de 76 anos, se perguntava ?quem iria arcar com o prejuízo?". Um galho de árvore caiu sobre a casa dela. A viúva que mora há 45 anos no Hauer conta que já havia solicitado o corte dessa árvore na rua João Soares Barcellos e não foi atendida. ?Falaram para eu fazer uma calçada em casa. Eles podaram algumas árvores por aqui, menos a que fica em frente à minha casa?. Ela relata ainda que nunca viu chuva igual e que teve até mesmo dificuldades para fechar a janela pela força do vento.

A mesma sensação de revolta foi sentida pela moradora Endianara Ribeiro, 37 anos. Ela mostrou o protocolo feito junto à Secretaria Municipal do Meio Ambiente em janeiro, e que até hoje não foi atendida. "As árvores estão condenadas aqui em frente. Só a prefeitura não vê isso".

A tempestade começou perto das 16h30 de sexta-feira e segundo o Instituto Tecnológico Simepar durou cerca de 60 minutos, com ventos de até 78 quilômetros por hora. A maior concentração ocorreu entre 17h e 17h15, quando foram registrados 24,4 milímetros de chuva. As regiões Sul e Leste de Curitiba foram as mais atingidas.

Confira um vídeo do temporal no bairro Pinheirinho

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