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Maria Zeli de Lima, 56 anos: sem prejuízos dessa vez, ficou responsável por cuidar da casa da vizinha, que perdeu os móveis | Albari Rosa / Gazeta do Povo
Maria Zeli de Lima, 56 anos: sem prejuízos dessa vez, ficou responsável por cuidar da casa da vizinha, que perdeu os móveis| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

Tempo

Inverno em dezembro no Sul

A uma semana do início do verão, os termômetros da capital paranaense registraram a menor temperatura máxima dos últimos 13 anos para um mês de dezembro. Às 16 horas de ontem, os ponteiros marcaram 13,7°C. A estação meteorológica do Instituto Tecnológico Simepar começou a funcionar em julho de 1997 e, desde então, a menor temperatura máxima no último mês do ano havia sido registrada em 23 de dezembro de 2004, quando a máxima foi de 15,6°C em Curitiba.

As temperaturas baixas são provocadas pelo fenômeno La Niña e por uma massa de ar frio, de acordo com o Instituto Tecnológico Simepar. Segundo o meteorologista Reinaldo Kneib, a temperatura mí­­nima foi registrada no município de São Miguel do Iguaçu (7,9°C), com uma sensação térmica, por causa do vento, de 6°C. Na maioria dos municípios, os termômetros marcam menos de 10°C na manhã de ontem.

Santa Catarina também registrou menos de 5°C na madrugada de terça-feira em pelo menos cinco cidades. Esta é a temperatura mais baixa registrada no mês de dezembro desde 1982. Florianópolis, capital do estado, registrou 14°C, a menor temperatura nos últimos 18 anos no mês de dezembro.

O frio e a chuva constante, incomuns em dezembro, são resultado de uma frente fria que passa pelo Sul acompanhada de uma massa de ar frio. "Os ventos ainda trazem umidade do oceano para o Leste do estado [do Paraná], o que provoca chuvas em Curitiba, região e no litoral", explica a meteorologista Ana Beatriz Porto.

De segunda-feira até as 16h30 de ontem, choveu 144 mm de água em Curitiba, quase o volume previsto para todo o mês de dezembro: 150 mm. Durante o resto da semana, o tempo permanecerá nublado e chuvoso. No entanto, com o passar dos dias, as chuvas constantes de­­vem dar lugar a pancadas de curta duração. Hoje o frio continua na capital e na região e a temperatura oscila entre 12°C e 16°C. O tempo será nublado com pe­­ríodos de chuvas leves. (GA, com agências)

A prefeitura de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, decretou situação de emergência por causa das áreas afetadas por inundações provocadas pelas chuvas que atingiram a região por 36 horas. Na cidade, 350 casas foram danificadas e 1,1 mil pessoas acabaram afetadas, sendo que 73 delas tiveram de ser desalojadas. O objetivo do decreto é acelerar a liberação de recursos e a compra de colchões, comida e cobertores, sem licitação. Em Pinhais, cerca de 10 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas e 600 residências foram atingidas, deixando 1 mil pessoas desalojadas e 100 desabrigadas. Segundo a Defesa Civil, a cidade vai seguir o mesmo exemplo de Piraquara e decretar situação de emergência. O servente José Batista de Oliveira, 57 anos, morador do Jardim Tropical, em Piraquara, percebeu a chuva em tempo e levantou todos os móveis e eletrodomésticos da casa. A água tomou conta do terreno e invadiu todos os cômodos. "Começou a chover ontem [segunda-feira] e não parou mais. Só deu tempo de erguer tudo e ir embora", afirma.

Oliveira, que mora com a esposa e com o filho, disse que não tem o que fazer quando chove. "Não podemos fazer nada. Temos que esperar a chuva passar e limpar tudo. Eu fico indignado com os políticos. Na época da eleição, eles vêm até aqui pedir votos. Quando chove, ninguém aparece", diz.

Para a cozinheira Maria Zeli de Lima, 56 anos, vizinha do Rio Iraí – que transbordou –, a chuva não trouxe prejuízos. Entretanto, ela está cuidando da casa de uma vizinha, que perdeu quase todos os móveis. "Sofá, cama, geladeira, micro-ondas. E não é a primeira vez que ela perde. Ela foi embora ontem à noite para a casa da cunhada e deixou a dela para eu cuidar. Toda vez que chove é assim, inunda tudo, as ruas, as casas, tudo", afirma.

Estragos

A Defesa Civil divulgou um balanço dos estragos causados pela chuva, que afetou 12.519 pessoas de 14 cidades paranaenses na manhã de segunda-feira e madrugada de terça-feira. Segundo o último boletim divulgado ontem, às 18 horas, 1.129 pessoas estão desalojadas (tiveram de ir para casas de parentes ou amigos) e 129 desabrigadas (encaminhadas para abrigos públicos).

Em Curitiba, 14 pessoas estavam desabrigadas e havia uma desalojada até o final da tarde de ontem. Na capital paranaense, foram registrados pontos de alagamento durante a noite de segunda-feira e madrugada de terça-feira nos bairros Centro, Bairro Novo, Boqueirão, Cajuru, Portão, Santa Felicidade e Boa Vista. A Defesa Civil segue monitorando o nível do Rio Barigui, que corre o risco de transbordar na região da CIC.

Em Almirante Tamandaré, na região metropolitana, 10 pessoas ficaram desalojadas depois que um deslizamento de terra danificou uma casa. Outra cidade da região metropolitana bastante prejudicada pelo temporal foi Araucária. Um vendaval afetou 650 pessoas no município, mas não houve desabrigados e desalojados. Também registraram prejuízos nos últimos dias as cidades de Campina Grande do Sul, Colombo, Fazenda Rio Grande, Lapa e São José dos Pinhais, na região metropolitana, além de Guarapuava e Ibaiti, no interior, e Morretes, no litoral.

Em Morretes, 35 casas foram atingidas e 25 pessoas ficaram desalojadas. Segundo a Defesa Civil, também foram registradas diversas quedas de árvores em função das chuvas nos municípios de Curitiba, Araucária e Guara­puava. Não havia informações de pessoas feridas até a tarde de ontem.

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