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Seu João no que restou de sua casa: dessa vez, plantação de banana não resistiu ao granizo | Daniel  Castellano/Gazeta do Povo
Seu João no que restou de sua casa: dessa vez, plantação de banana não resistiu ao granizo| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Defesa Civil alerta para ressaca hoje

De acordo com o major Márcio Luiz Alves, da Defesa Civil, hoje deve ocorrer a ressaca do mar em Santa Catarina, o que dificulta a vazão dos rios. "Alertamos para o risco de danos, principalmente nas embarcações que os pescadores costumam deixar na beira do mar."

A previsão da meteorologia é de que deve voltar a chover forte em Santa Catarina de hoje até sábado, quando o tempo fica instável até segunda-feira. Mas a partir da noite de segunda-feira pode haver chuvas fortes, com risco de temporal, granizo e vendavais, na maioria das regiões catarinenses, em especial na divisa com o RS.

Primavera não é igual a calor

Quem acreditava que a chegada da primavera, no dia 23 deste mês, seria marcada por uma onda de calor, estava enganado. A sensação térmica ontem, por causa da umidade e do vento, foi de 3,8°C em Curitiba: é como se a capital paranaense estivesse em pleno inverno. A impressão de clima gelado foi ainda maior na Lapa (0,8°C) e em Pinhais (1,6°C), ambas na região metropolitana. "Muitas pessoas têm como referência o calendário das estações e, por isso, acreditam que o frio vai embora com a chegada da primavera. Não acontece dessa forma", explica o meteorologista Cezar Gonçalvez Duquia, do Instituto Meteorológico Simepar.

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Afetados já são 148 mil; 67 cidades estão em emergência

O número de pessoas atingidas pelas chuvas na Região Sul do país já chega a 148.192, segundo balanço atualizado na tarde de ontem pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Nos três estados, já existem 67 cidades em situação de emergência.

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Vale do Itajaí - Estava na plantação de banana a esperança do produtor João Martinho Richarts de voltar a ter três quartos, banheiros, uma sala de televisão e um barzinho na sua casa. Se a colheita deste ano fosse boa, em 2010 ele já estaria com a casa reconstruída no Morro do Baú, região rural de Ilhota, em Santa Catarina.

As fortes chuvas de novembro de 2008, que mataram 137 pessoas no estado, praticamente destruíram a residência do seu João, levantando e depois afundando o assoalho. A maior parte da construção teve de ser demolida, pois quartos e salas ficaram condenados. Seu João, então, decidiu se espremer e passou a morar no que sobrou: cozinha e parte da garagem.

A antiga cozinha agora também é sala e quarto. Não tem guarda-roupa. As roupas ficam em uma prateleira improvisada, que ele mesmo construiu. Antes tinha uma televisão em cada quarto, agora se contenta com uma que recebeu de doação. Precisou até de um colchão novo, que afunda quando se deita. Mas ao dormir sempre pensava que a plantação de banana iria ajudá-lo na reconstrução da sua casa. A antiga era uma das que mais chamava a atenção na rua: tinha chafariz, 28 pequenas estátuas no jardim e uma piscina de azulejos nos fundos.

O desejo foi interrompido pela chuva de granizo que caiu por cinco minutos no último sábado. Por causa das pedras de gelo que vieram em grande intensidade, seu João calcula que perdeu 30% da colheita de banana: "Se não tivesse estragado, em meados do ano que vem já tinha a casa pronta".

Por causa do granizo, Hilson Espig, também do Morro do Baú, perdeu 12 mil unidades de alface e 4,5 mil unidades de repolho verde. "Até o repolho, que é mais resistente porque fica fechado, foi perdido", diz. O prejuízo com todas as culturas totaliza R$ 29 mil. "Mal a gente estava se recuperando", lamenta.

Em novembro de 2008, a família de Hilson chegou a perder 41 mil pintinhos, com prejuízo de R$ 68 mil. Em janeiro deste ano, tudo foi plantado de volta. "No nosso caso estamos tentando fazer empréstimo com uma cooperativa de crédito rural, mas está difícil porque muita gente pediu", afirma Hilson.

Obras

O poder público também sente as consequências da chuva intensa. Reparos que estavam em andamento no Morro do Baú vão ter de ser feitos novamente, segundo o coordenador da Defesa Civil de Ilhota, Paulo Drum. Novas barreiras caíram e os acessos que tinham sido abertos serão refeitos, assim como seis pequenas pontes que passavam sobre riachos e a dragagem de rios. "A terra está encharcada e há ainda pontos de risco", diz o coordenador.

Em Blumenau, a chuva tem atrasado obras de recuperação dos estragos de 2008. As intervenções na ponte próxima à prefeitura, no Centro da cidade, estão paradas há 28 dias porque o nível do rio não baixa, segundo o secretário municipal de obras, Alexandre Brollo. "A chuva está atrasando o cronograma das obras em geral", afirma. "O tamanho da tragédia de 2008 faz com que se leve três anos para Blumenau voltar a ser o que era."

Brollo completa, no entanto, que as obras são pontuais e que a cidade está preparada para receber os turistas para a Oktoberfest, que começa hoje. A festa foi criada em 1984 com a proposta de levantar o ânimo da população, que na época estava abalada por uma grande enchente. Vem em boa hora.

Desabrigados

Ontem, até o início da noite, não havia chovido na região do Vale do Itajaí. A chuva que caiu até segunda-feira, porém, continuava fazendo efeito. No município de Itajaí cerca de 160 pessoas estavam em abrigos e outras 1,5 mil em casas de parentes e amigos. A maioria delas mora próximo ao rio e precisou sair. Irão voltar quando a água baixar.

O pedreiro Darci Cordeiro dos Santos passou duas noites em um abrigo, junto com outros 12 parentes, pois a água entrou nas casas. Ele perdeu a sua segunda geladeira para a chuva. A primeira tinha sido estragada no ano passado. "Se chove demais, a gente sai de casa", diz ele. E só vai saber o que sobrou quando volta.

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