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Moradores de condomínio construído com recursos do Minha Casa Minha Vida tiveram de sair às pressas em Francisco Beltrão | Divulgação/ Prefeitura de Francisco Beltrão
Moradores de condomínio construído com recursos do Minha Casa Minha Vida tiveram de sair às pressas em Francisco Beltrão| Foto: Divulgação/ Prefeitura de Francisco Beltrão

ESTRADAS

Nas estradas do Sul do país, motoristas ainda encontram dificuldades. Em SC, ainda há três rodovias federais com pontos interditados: a BR-153, em Concórdia e Vargem Bonita, e a BR-280, em Corupá. A ponte que ligava a cidade de Palmitos ao RS, antes tomada pelas águas do Rio Uruguai, foi liberada ontem. O tráfego, no entanto, ainda circula em meia-pista, segundo a PRF. A chuva também abriu uma cratera próximo ao km 73 da SC-155 em Xanxerê, atingindo as duas pistas, segundo a Polícia Rodoviária Estadual. Até a noite de ontem, o tráfego estava totalmente interrompido no local.

33cidades na Região Sul do país decretaram situação de emergência por causa das chuvas dos últimos dias, segundo a Defesa Civil. No norte do RS, Iraí decretou calamidade pública. Ao todo, 112 cidades tiveram prejuízos nos três estados.

RECURSOS

Mais R$ 3,5 milhões serão destinados ao Paraná

Bruna Komarchesqui

O Paraná vai receber, nos próximos dias, mais R$ 3,5 milhões do governo federal para ajuda humanitária aos municípios afetados pelas chuvas. Em decorrência do feriado em Brasília, por causa da Copa, o Ministério da Integração não soube detalhar qual será a destinação do montante. Segundo o governo federal, o Paraná já havia recebido R$ 3,9 milhões em ajuda humanitária. Foram R$ 346 mil, para a compra de 4,2 mil cestas básicas, mais 4,2 mil kits-dormitório adquiridos pela União e entregues diretamente ao estado, além de R$ 825 mil para a aquisição de 10 mil cestas básicas e R$ 1,3 milhão para 8 mil kits-dormitório.

A portaria também autoriza o envio de 11.106 kits de assistência humanitária, mas não detalha a natureza dos produtos. Junto com os recursos para combustível e ração, o governo do Paraná havia solicitado 9 mil kits de limpeza e 9 mil de higiene. De acordo com a assessoria do Palácio Iguaçu, o auxílio da União deve demorar alguns dias para chegar, por causa de trâmites burocráticos. O último recurso federal, de R$ 2,1 milhões, entregue no último dia 24, levou uma semana entre a autorização e a compensação do depósito.

Após a liberação efetiva, o recurso será distribuído pelo governo estadual às prefeituras, que deverão abastecer maquinários próprios para a recomposição de estradas rurais com problemas. O assessor de plantão do Ministério da Integração Nacional também não soube informar se o pedido paranaense de R$ 160 milhões para a reconstrução das rodovias danificadas pela chuva já chegou a Brasília. A solicitação foi feita pelo governador Beto Richa, no último dia 17, via correspondência. De qualquer forma, a verba para recomposição da malha rodoviária só será liberada mediante apresentação de um plano de trabalho. Ciente disso, o governo estadual afirma que o documento só será feito quando a água baixar em todas as áreas afetadas.

O mês de junho teve três períodos que causaram transtornos aos paranaenses. A Defesa Civil ainda não pôde fechar o balanço final dos danos porque em muitos locais a água não baixou. Mas, na soma dos números levantados até ontem foram pelo menos 828.730 afetados em mais de 150 cidades. Os prejuízos no estado ultrapassam os R$ 613 milhões (em uma soma não oficial feita dos relatórios da Defesa Civil). Além disso, 46.781 foram desalojados (deixaram suas casas e se hospedaram na casa de parentes) e 6.521 ficaram desabrigados (deixaram suas casas e se hospedaram em abrigos públicos).

O temporal que causou mais estragos foi o registrado no início do mês, entre os dias 5 a 12 de junho. Nesse evento meteorológico, segundo a Defesa Civil do Paraná, 824.058 pessoas foram afetadas, com 43.850 desalojadas e 6.393 desabrigadas. Ao todo, 11 pessoas morreram e 229 ficaram feridas. A estimativa de prejuízos no estado nessas chuvas é de quase R$ 603,4 milhões (R$ 356,3 milhões em patrimônio público e R$ 247,1 milhões em patrimônio privado).

A região com mais problemas durante essas primeiras chuvas do mês de junho foi o Sul do estado, com dificuldades principalmente em União da Vitória. Nesse município, 3 mil casas foram danificadas e duas ficaram completamente destruídas. A cidade teve 65 feridos e decretou situação de calamidade pública após ser atingida. Até hoje, em alguns bairros, as famílias não puderam voltar para casa. Na cidade ainda havia, até ontem, 10 mil desalojados e 90 desabrigados.

No período entre 13 e 14 de junho, temporais afetaram 3.577 pessoas, em seis cidades. As chuvas deixaram 2.004 pessoas desalojadas e 15 desabrigadas. Os eventos naturais também deixaram duas pessoas feridas. As cidade que comunicaram estragos à Defesa Civil foram Foz do Iguaçu, Mariópolis, Pato Branco, Ponta Grossa, Santa Helena e São Miguel do Iguaçu. Até o momento, nesses locais – durante essas chuvas –, o prejuízo estimado foi de quase R$ 8 milhões (R$ 5,2 milhões em patrimônio público e R$ 2,7 milhões e patrimônio privado).

Temporais

No último fim de semana, temporais causaram transtornos principalmente nas regiões Oeste, Sudoeste e Centro-Sul do estado. Chuvas fizeram rios transbordarem, com 1.095 pessoas afetadas em nove cidades. O balanço desta segunda-feira apontou que as chuvas deixaram 927 desalojados e 113 desabrigados, ocasionando prejuízo estimado em R$ 2 milhões ao patrimônio privado. As cidades afetadas nesse fim de semana foram: Ampére, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Pato Branco, Realeza, Rio Bonito do Iguaçu, Santa Izabel do Oeste, Santo Antônio do Sudoeste e São Miguel do Iguaçu.

Condomínio do Minha Casa Minha Vida alagou

Niomar Pereira,especial para a Gazeta do Povo

Em Francisco Beltrão, no Sudoeste, o nível dos rios voltou ao normal ainda no domingo, permitindo que as famílias retornassem para suas moradias e iniciassem a limpeza. A chuva deixou um rastro destruição no município e ainda não há um levantamento oficial dos prejuízos.

Apesar disso, dezenove famílias do bairro Pinheirão não querem voltar para suas casas. Eles residem em um conjunto habitacional construído com recursos do Minha Casa Minha Vida e estão indignados com a situação. Desde que receberam as chaves das unidades, duas vezes já tiveram as casas alagadas. Algumas destas famílias praticamente foram retiradas de uma área de risco e levadas para outra.

Na primeira oportunidade, em maio, a água subiu dois metros além do nível da rua. As paredes ainda exibem as marcas da enchente. Agora, em junho, novamente os moradores tiveram que sair às pressas, levando o que podiam para não perder tudo. O Rio Santa Rosa fica a 20 metros do local.

O coordenador operacional da Defesa Civil municipal, Anildo Krüg, diz que a área era considerada imprópria para moradia pelo Plano Diretor e, mesmo assim, as casas foram construídas. "Durante a execução da obra, a área foi alagada duas vezes. Terminaram de construir e entregaram as chaves para as famílias."

A prefeitura já procurou a Caixa Econômica Federal, o Ministério Público e o Ministério das Cidades, mas nenhuma solução foi encontrada. Ana Lúcia Manfrói, secretária municipal de Assistência Social, diz que a cidade está de mãos atadas porque quer resolver a situação, mas depende de um aval do governo federal. "Estamos dispostos a oferecer 19 lotes para que eles sejam transferidos, porém precisamos que o Ministério das Cidades nos diga se vamos demolir as casas atuais, se eles terão os imóveis refinanciados e se pode haver um repasse de aluguel social. Muitas famílias hoje não se enquadram mais nos critérios do Minha Casa Minha Vida", pontua. A secretária salienta que o seguro das casas, que são financiadas, não cobrem todos os prejuízos.

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