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Além dos deslizamentos, dos alagamentos em áreas próximas a rios e córregos e do impacto direto no humor das pessoas, as chuvas que têm caído sem piedade desde o mês de setembro em Curitiba trazem outra conseqüência desagradável: o "esburacamento" da cidade. Tanto é que a Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP) precisou fazer um esforço concentrado, remanejando servidores de outras áreas, para tentar dar conta da demanda por obras emergenciais de pavimentação. "Os pedidos para tapar buracos duplicaram desde setembro", confirma o superintendente dos distritos de manutenção urbana da SMOP, Élbio Gonçalves Maich.

Segundo ele, o número de servidores envolvidos e a verba destinada pela prefeitura a esse tipo de serviço aumentaram proporcionalmente. "Antes a secretaria dispunha de 80 pessoas atuando diretamente no trabalho de manutenção de pavimentos e agora estamos com 160 servidores", contou. A prefeitura também passou a investir o dobro do habitual, de acordo com o superintendente: "Era R$ 1 milhão por mês, e agora esse valor tem chegado a R$ 2 milhões mensais".

Mesmo assim, a situação em alguns regiões da cidade continua crítica. No Bairro Alto, por exemplo, alguns moradores cansaram de esperar pela prefeitura e se encarregaram dos reparos emergenciais. Na Rua Jornalista Alceu Chichorro, o autônomo Amarildo dos Santos aproveitou a caliça que restou da limpeza do seu terreno para tapar as crateras que a enxurrada abriu na parte da via coberta com saibro. "Eu não tenho carro, mas a gente vê a dificuldade do pessoal para passar ali. Assim pelo menos ameniza um pouco a situação", comenta o rapaz, que diz ter coberto um buraco com quase 40 centímetros de profundidade.

Vizinha do benfeitor, a dona de casa Giselda de Fátima Mores Machado assina embaixo: "A cada eleição é a mesma história. Eles dizem que vão arrumar, aí a eleição passa e fica tudo do mesmo jeito. E com a chuva a coisa piora".

Outras vezes a manutenção até acontece, mas de forma superficial e malfeita, segundo os cidadãos. Foi o que a reportagem ouviu perto do cruzamento das ruas Joaquim da Costa Ribeiro com Antônio Cândido Cavalim, também no Bairro Alto. Nessa intersecção o tráfego dos ônibus da linha Bairro Alto/Boa Vista e as chuvas abriram dois buracos consideráveis e estragaram os reparos feitos há cerca de um ano. "Jogaram isso aí em cima num dia de chuva, sobre material podre. Não resolve nada. Tinha de vir, tirar tudo, colocar uma base boa e o asfalto por cima", ensina o caminhoneiro aposentado e ex-funcionário de usina de pavimentação Luiz Valdemar Tonelin, 62 anos.

A SMOP confirma o grande número de reclamações no Bairro Alto, mas avisa que as obras devem ser intensificadas quando as chuvas derem uma trégua – o que está previsto para ocorrer nesta semana. "Não temos como fazer os reparos quando está chovendo", justifica o superintendente dos distritos de manutenção urbana. Segundo ele, as prioridades são definidas nas audiências públicas de cada regional e são previstas no orçamento global da prefeitura.

Serviço: Reclamações sobre problemas na pavimentação devem ser feitas pelo telefone 156 ou diretamente em cada regional.

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