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Em Irati, grupo quer preservar a Mata dos Gomes, destinada a receber lotes residenciais | Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Em Irati, grupo quer preservar a Mata dos Gomes, destinada a receber lotes residenciais| Foto: Josué Teixeira/Gazeta do Povo

Palmiteiros ilegais ameaçam pesquisadores em Guaratuba

Paula Batista, especial para a Gazeta do Povo

Uma área de conservação e pesquisa em Guaratuba, no Litoral, está incomodando caçadores e palmiteiros. Trata-se da Reserva Bicudinho-do-Brejo, que leva o mesmo nome do pássaro alvo de pesquisas científicas por estar em risco de extinção. Ela fica entre os parques Saint-Hilaire/Lange e Guaricana e o Lagoa do Parado, ambos dentro da Área de Proteção Ambiental de Guaratuba.

A reserva foi comprada em 2009 por um grupo de pesquisadores liderado pela bióloga Bianca Reinert para a realização de estudos. Segundo Bianca, os estudiosos são alvo de ameaças de grupos de palmiteiros e caçadores, pois muitas vezes os pesquisadores inibem atividades ilícitas no local. A última ameaça ocorreu recentemente, na casa dos pesquisadores, por um grupo armado. A pedido de Bianca, a polícia interveio, porém os homens não foram presos por já estarem desarmados quando os agentes chegaram.

Após boletim de ocorrência registrado pelos pesquisadores, os suspeitos foram convocados para uma audiência que será realizada neste mês. "Nos sentimos totalmente desprotegidos na região. Além das diversas ameaças de morte que já recebemos, há gente caçando e retirando palmito em unidades de conservação em plena luz do dia. Precisamos urgentemente de fiscalização periódica, o que hoje não acontece", diz Bianca. Ele e os colegas enviaram ofício a vários órgãos públicos, como o Instituto Ambiental do Paraná, Ministério Público Estadual e prefeitura de Guaratuba, entre outros. "Esperamos ter algum resultado, pois estamos vendo a degradação da natureza na nossa frente e não podemos fazer nada", diz a bióloga.

O analista ambiental e biólogo do Instituto Chico Mendes (ICMBio) de Guaratuba, Rodrigo Torres, afirma que o órgão recebeu a solicitação de Bianca e que é responsável pela fiscalização apenas dos dois parques nacionais que estão no entorno da Reserva Bicudinho-do-Brejo. A Secretaria do Meio Ambiente de Guaratuba, responsável pela fiscalização do Parque Natural Municipal Lagoa do Parado foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento da reportagem.

Para manter áreas verdes intactas em centros urbanos, movimentos de cidadãos comuns estão conquistando a simpatia e o apoio de organizações que são referência na preservação do meio ambiente. Um exemplo disso é o Movimento Preserva Irati, no Centro-Sul do Paraná, que é apoiado pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). O objetivo da iniciativa é barrar a obra de um condomínio na área conhecida como Mata dos Gomes.

Já em Ponta Grossa (Campos Gerais) outro movimento, apoiado pela SOS Mata Atlântica, quer evitar a construção de edifícios em uma área verde. Em Curitiba, houve situação semelhante, quando cidadãos se mobilizaram para criar o Parque Gomm, próximo ao Shopping Pátio Batel.

A Mata dos Gomes, em Irati, tem 140 mil metros quadrados (m2) e é propriedade particular. No local, uma empresa pretende construir lotes residenciais. O movimento preservacionista conseguiu, em outubro, uma liminar que suspende os alvarás concedidos pelo Instituto Ambiental do Paraná para o empreendimento. A área está cercada e tem sido alvo de queimadas. A empresa proprietária argumenta que está dentro da lei e que vai preservar uma reserva verde de 35 mil m2 .

Em Ponta Grossa, um remanescente de mata atlântica no Jardim América foi adquirido para a construção de seis prédios. Uma ação popular, porém, questiona a lei que alterou o zoneamento do bairro, permitindo o empreendimento. Uma liminar, obtida ano passado em favor da ação popular, suspendeu o cronograma do projeto, mas ela acabou sendo derrubada pelo Tribunal de Justiça do Paraná. Hoje, o cronograma permanece suspenso porque a ação ainda não foi julgada. O temor dos ambientalistas é com relação à licença prévia, emitida no início de novembro pelo IAP. A licença, porém, não permite alterações na área até a emissão da licença de instalação.

Os defensores da área propõem a criação de um parque, que pode chegar a 100 mil m2. A área está no inventário do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Ponta Grossa desde abril e pode ser tombada como patrimônio natural.

Em Curitiba, o Parque Gomm, no Batel, pode virar uma unidade de conservação municipal até o ano que vem. Antes da mobilização do grupo Salvemos o Bosque da Casa Gomm, o local seria descaracterizado, com a construção de uma rua anexa ao shopping. Com a pressão da comunidade, a prefeitura reviu a posição e estuda um projeto de reuso do espaço.

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