Obras realizadas na área do Salto São Francisco, a maior queda dágua do Paraná, reacenderam uma disputa que se arrasta há pelo menos um ano entre os municípios de Guarapuava e Prudentópolis. A prefeitura de Guarapuava alega que leis garantem a posse de parte da cachoeira. Já Prudentópolis argumenta que um memorial descritivo do governo estadual que traçou uma linha seca entre os municípios lhe dá direito ao salto de 196 metros de altura.
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) multou a prefeitura de Guarapuava em R$ 2 mil pela realização de obras sem licença prévia. Foram colocadas grades nas encostas e pedras britas nas trilhas, além da construção de um pontilhão de madeira. De acordo com o chefe regional do IAP, Jairo Macedo, o local é área de preservação permanente por estar a menos de 30 metros do rio. A vistoria nas obras foi feita a pedido da Promotoria de Meio Ambiente e o caso também foi parar na polícia. Um empresário registrou boletim de ocorrência na delegacia de Prudentópolis e os vereadores da cidade instauraram uma comissão de averiguação.
A cachoeira está exatamente na divisa entre três municípios. "Imagine estar num barco. Do lado esquerdo do rio é Turvo. Do lado direito é Guarapuava. E se a embarcação descer cachoeira abaixo vai cair em Prudentópolis", explica o diretor de Meio Ambiente de Guarapuava, Mílton Roseira Júnior. Coordenador do projeto que pretende transformar a área em um parque municipal, ele afirma que as obras realizadas não agrediram a natureza e serviram apenas para garantir segurança aos visitantes. "É um penhasco. Foi cercado porque é perigoso", esclarece. O salto fica a 46 quilômetros do centro da cidade, sendo 40 asfaltados e seis de chão batido. Caso a linha seca seja confirmada, a cidade perderia 3,3 mil hectares e o acesso ao salto.
O lugar tem potencial turístico a ser explorado principalmente pela divulgação como "terra das cachoeiras gigantes", propagada por Prudentópolis. Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente de Prudentópolis, Edwin Carvalho, o salto pertence ao município desde 1906, quando a cidade foi emancipada. "Temos toda a documentação. Quando soubemos que Guarapuava queria se apossar do salto, tomamos providências", conta. O departamento jurídico municipal foi mobilizado e uma demarcação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente indicaria que o salto está no território de Prudentópolis. A visitação diária é de mais de 100 pessoas e Carvalho reconhece que o acesso ao salto é mais fácil por Guarapuava. "Mas a vista mais bonita é do nosso lado", completa.
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