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O presidente da Associação Brasileira de Pedestres, o engenheiro de transportes Eduardo José Daros, afirma que antes de se pensar em multar pessoas que andam a pé é preciso garantir os direitos dos "caminhantes". "A multa poderia existir algum dia. Mas só depois de muita orientação e da melhoria das condições do tráfego para os pedestres", diz ele.

Daros admite que o pedestre, de um modo geral, se comporta mal. "Nós nos comportamos como um adolescente. Pensamos que somos imortais e corremos riscos desnecessários para ganhar um pouco mais de tempo, para andar mais rápido." Mas, diz ele, a imprudência também é uma marca do motorista brasileiro. "A diferença é que o pedestre está em situação de desvantagem. A única coisa que o protege é a roupa do corpo."

Apesar disso, afirma o engenheiro, as cidades ainda privilegiam os carros e criam situações que induzem o pedestre a se expor ao risco. Curitiba, cidade em que morou muitos anos, seria um exemplo. A prefeitura abriu vias rápidas mas não instalou mecanismos de controle da velocidade para que o pedestre pudesse atravessá-las (os radares surgiram anos depois).

Outra situação comum é a demora para que os semáforos fechem para carros. Segundo ele, a medida melhora o fluxo de veículos, mas expõe os pedestres. "Há um estudo inglês que mostra que, depois de um minuto, o pedestre desce a calçada para atravessar. Na hora que abre uma brecha, ele tenta."

A mesma lógica de se privilegiar os carros, diz Daros, está presente na construção de passarelas ou galerias subterrâneas para a travessia de pedestres. O objetivo dessas estruturas é garantir, em última instância, que o trânsito flua sem interrupção. Mas grande parte das passarelas são desconfortáveis, com muitos lances de escadas, o que acaba desincentivando seu uso.

Daros lembra ainda que as condições de muitas calçadas fazem com que os pedestres prefiram caminhar no asfalto, mais liso e regular. Outro problema é a pavimentação de ruas sem que a calçada seja construída. Por fim, a instalação de placas de publicidade nos pontos de ônibus acaba dificultando a passagem de pedestres. "Isso é o fim da picada."

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