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Inovação: em busca de novas formas de urbanismo

Vários administradores de cidades de várias partes do globo participam do CICI2010, entre eles o vice-prefeito de Londres (Inglaterra), Richard Barnes, o vice-prefeito de Lyon (França), Jean Michel Daclin, o prefeito da cidade de Chattanooga (Tenessee), Ron Littlefield, e o vice-diretor da Secretaria de Crescimento e Redesenvolvimento de Austin (Texas), Rodney Gonzáles. Além deles, o prefeito de Curitiba, Beto Richa, e o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, participaram de uma entrevista coletiva à imprensa, realizada ontem.

Para Daclin, se considerarmos que 70% da população mundial estará vivendo nas áreas urbanas daqui a 10 anos, é preciso transformar completamente as cidades, criar estruturas totalmente diferentes das que conhecemos hoje. "Temos de imaginá-las, criá-las e colocá-las em prática. Inventar novas formas de urbanismo, governança e, principalmente, de democracia", acredita.

Para isso, a troca de experiências e de ideias entre os municípios é fundamental. Littlefield, que administra a cidade que há 40 anos foi considerada a mais poluída dos Estados Unidos, contou que só foi possível mudar a realidade de Chattanooga por meio desse diálogo. "Confesso, sem vergonha alguma, que copiamos vários projetos de outras cidades, inclusive de Curitiba. Hoje somos uma das cidades mais verdes, mais limpas e que oferece mais qualidade de vida do país."

Projetos

Conheça os principais projetos do arquiteto Jeffrey Olson:

Sistema de rotas para bici­cleta do estado de Nova Iorque

> Sistema de trilhas de 1.609 km em todo o estado. O projeto completou 15 anos em 2009.

Plano de corredores naturais em New Haven

> O projeto foi encomendado pela organização do Festival Interna­cional de Artes que acontece em New Haven, cidade do estado de Connecticut, nos Estados Unidos.

Técnicas de tranquilização do trânsito em Old Bennignton

> Em parceria com a Universidade do Estado de Nova York, o objetivo era preservar as ruas da cidade de Old Benninton, no estado de Vermont, em que quase todas as constru­ções são tombadas pelo patrimônio histórico.

Trilha de Patroon Creek em Albany

> O arquiteto foi consultor-chefe do projeto que criou uma trilha verde, de mais de 10 km, para­lela a uma rodovia da cidade de Albany, capital do estado de Nova York. A trilha conecta os bairros com a planta tecnológica da cidade e três parques de preservação natural.

  • Confira alguns destaques da programação da Conferência

Há mais de 20 anos que o arquiteto e urbanista norte-americano Jeff Olson está envolvido em projetos que incentivam o uso de meios de transporte alternativos e motivem as pessoas a adotar um estilo de vida mais ativo. Os seus projetos não são altamente sofisticados e nem dependem de in­­vestimentos milionários para serem concretizados. Para ele, o papel da arquitetura não é só transformar o mundo em algo mais bonito, mas em um ambiente mais saudável e, especialmente, mais equilibrado.

Convidado para participar da Conferência Internacional de Cidades Inovadoras (CICI2010), promovida pelo Sistema Fe­­deração das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Jeffrey falará sobre a importância dos meios de transporte alternativos para o futuro sustentável das grandes cidades. O evento, que acontece em Curitiba de hoje até sábado, contará com a participação de mais de 90 palestrantes de todo o mundo.

Em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo, o especialista, cujo principal hobby é o ciclismo, fala sobre a importância dos espaços verdes para a criação de ambientes urbanos mais saudáveis e explica como medidas simples podem ajudar a amenizar o crescimento desordenado das grandes metrópoles.

Como a arquitetura pode contribuir para melhorar a qualidade de vida e a saúde da população?

Ela pode contribuir e muito, desde que as cidades sejam planejadas para as pessoas. É preciso criar um ambiente que suporte estilos de vida ativos e saudáveis. Toda criança deveria ter a oportunidade de caminhar ou ir de bicicleta com segurança até a escola, assim como todo adulto deveria ter condições de andar ou pedalar até o seu trabalho. A atividade não deveria ser encarada apenas como alternativa de locomoção, mas também como opção de atividade física. Isso, entretanto, só será possível se a cidade for construída para permitir que esse tipo de atividade seja desenvolvido. As cidades precisam criar condições para transformar a caminhada e o ciclismo em atividades saudáveis, divertidas e, principalmente, seguras.

E como a arquitetura e o urbanismo podem ajudar a promover a sustentabilidade?

A arquitetura deve priorizar mais o conteúdo e menos a forma. A ideia de construir formas e fachadas apenas visualmente interessantes não é o suficiente. Temos de nos reinventar e nos concentrar em criar grandes cidades para uma população crescente e global. Precisamos criar comunidades em que o ato de caminhar ou pedalar para se locomover seja parte da solução de questões maiores como as mudanças climáticas, a saúde pública e a habitação acessível.

Em Curitiba e na maioria das capitais brasileiras, a maioria das pessoas usam os seus carros para se locomover pela cidade. Em Curitiba, há aproximadamente 1,5 habitante por carro. Como as administrações das cidades podem incentivar o uso das bicicletas e de outros meios alternativos de transporte?

Se planejarmos as áreas urbanas para os pedestres e ciclistas, todos os meios de transporte funcionarão melhor. Curitiba é conhecida por ser inovadora, principalmente por causa do sistema de transporte público. Cidades da Ale­manha, da Dinamarca e da Holanda têm altos índices de aquisição de veículos, mesmo assim, elas foram desenhadas para promover as caminhadas e o ciclismo, para que as pessoas usem menos o carro.

De que forma é possível introduzir mais verde em grandes cidades como Nova York e São Paulo? Você defende o equilíbrio entre o homem e a natureza nos ambientes urbanos, mas como alcançá-lo?

Os corredores naturais, que permitem a passagem de pedestres e ciclistas, são uma das estruturas urbanas de maior crescimento dos últimos anos. A cidade de Nova Iorque tem hoje um sistema de 483 quilômetros de corredores naturais sendo construído. Qualquer cidade tem potencial para criar novas áreas verdes urbanas com o objetivo de conectar as pessoas com a natureza. Mas é preciso tornar isso uma prioridade, principalmente nos grandes centros. O custo de construção do premiado sistema de ciclovias da cidade de Portland, no estado americano do Oregon, por exemplo, custou menos do que a construção de apenas uma milha (1,4 quilômetro) de rodovia.

Fale mais sobre os projetos de urbanização que você já desenvolveu. É possível implementar projetos semelhantes em cidades maiores?

Infraestrutura verde para quem opta por se locomover a pé ou de bicicleta é parte de uma visão maior da criação de comunidades sustentáveis. Sou grato por ter tido a oportunidade de trabalhar com infraestrutura sustentável em nível local, estadual, nacional e internacional. Estou sempre observando as áreas construídas à procura de novas oportunidades de torná-las mais verdes. Rodovias, novos projetos de habitação, linhas férreas abandonadas, terrenos nas margens de rios e até mesmo ruas e avenidas podem se tornar projetos em potencial.

O que são técnicas de tranquilização de tráfego? De que forma essas técnicas funcionam? Po­­dem funcionar em cidades maiores também ou apenas em cidades pequenas como Old Bennington, onde você criou esse projeto?

Tranquilização de tráfego é um processo de criar mobilidade equilibrada, com ênfase nos pedestres. O projeto envolve o controle da velocidade e do volume de carros para que as ruas voltem a ser locais habitáveis. Essas soluções para diminuir o tráfego estão sendo implementadas tanto em pequenos vilarejos, como Old Bennington, quanto em cidades maiores em várias partes do mundo.

Em áreas menores, como vilas rurais, uma corda que impeça o trânsito de veículos é o suficiente. Já em cidades maiores, a delimitação de espaços exclusivos para pedestres é tão eficaz quanto.

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