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Cerca de 500 pessoas participaram do funeral em Salto, cidade natal de Anselmo Duarte | Mario Angelo/AE
Cerca de 500 pessoas participaram do funeral em Salto, cidade natal de Anselmo Duarte| Foto: Mario Angelo/AE

O ator e cineasta Anselmo Duarte, 89 anos, foi sepultado ontem, no Cemitério da Saudade, em Salto, sua cidade natal, no interior paulista. Cerca de 500 pessoas compareceram no enterro. O prefeito de Salto, José Geraldo Garcia, decretou três dias de luto oficial na cidade. Anselmo faleceu na madrugada de sábado vítima de acidente vascular cerebral (AVC). O cineasta estava internado há 15 dias no Hospital das Clínicas da USP, em São Paulo. Ele deixou três filhos: Anselmo Júnior, Lídia e Ricardo.

Sua carreira confunde-se com a própria história da arte cinematográfica nacional. Somando-se suas atuações como ator e diretor, são mais de 40 filmes – ele atuou também no teatro e na televisão. Anselmo ficou conhecido internacionalmente por ser o único brasileiro a receber a Palma de Ouro em Cannes, com o filme O Pagador de Promessas.

História

Afamado ator e diretor cinematográfico, Anselmo Duarte nasceu em Salto, em 21 de abril de 1920. De origem humilde, é o sétimo filho de Olympia Duarte, senhora que, abandonada pelo marido poucos meses após dar a luz ao caçula Anselmo, muito se esforçou no ofício de costureira para sustentar a família.

Em Salto, Anselmo estudou no 1.º Grupo Escolar, hoje Escola Estadual Tancredo do Amaral, na mesma classe de Archimedes Lammoglia e Jota Silvestre. Ainda criança, trabalhou como engraxate, aprendiz de barbeiro e molhador de tela no antigo Cine Pavilhão. Em sua cidade natal, Anselmo viveu até os 14 anos, quando foi para São Paulo, onde trabalhou como datilógrafo, contabilista e dançarino. Mudou-se para o Rio de Janeiro e lá atuou co­­mo figurante em filmes e redator e repórter de uma revista.

Seu primeiro trabalho como ator foi no filme inacabado do diretor norte-americano Orson Welles, It’s All True, em 1942. Maior galã do cinema brasileiro nos anos 1940 e 1950, participou de produções dos estúdios Cinédia, Atlântida e Vera Cruz. Estreou como ator principal no filme Querida Su­­za­­na, de 1946, e seu primeiro trabalho como diretor, coroado de muito sucesso, foi em Abso­lu­tamente Certo, de 1957.

De suas atuações como ator na Cinédia, destaca-se Pinguinho de Gente, de 1949. Uma das mais destacadas atuações de Anselmo foi em Sinhá Moça, do diretor Tom Payne, que ganhou o Prêmio Especial do Júri, em Veneza.

O ápice de sua carreira deu-se em 1962, quando dirigiu O Pagador de Promessas – único filme brasileiro a receber o maior prêmio mundial do cinema, a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O então jovem diretor venceu concorrentes que pertencem à história cinematográfica mundial, como Luis Buñuel, Michelangelo Anto­­nioni e Robert Bresson.Com a premiação, Anselmo Duarte ganhou uma série de desafetos, principalmente entre os jovens diretores do Cinema Novo. A carreira de Anselmo Duarte como diretor seguiu até o fim da década de 1970. Outros de seus filmes ainda esperam uma reavaliação, tais como Vereda da Salvação, Quelé do Pajeú, Um Certo Capitão Rodrigo e O Crime do Zé Bigorna.

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