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Brasília – O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, pode ser afastado hoje do cargo. No Palácio do Planalto, ontem, falava-se em demissão, pura e simples. Entre os padrinhos políticos da indicação de Rondeau para o ministério – o principal deles é o senador José Sarney (PMDB-AP) – havia ainda a busca de uma saída, segundo a qual o ministro pediria licença até que todos os fatos sejam apurados. Seria a tentativa de uma saída honrosa, visto que nem o grupo de Sarney acredita que, a esta altura, haja salvação para o ministro.

Rondeau é apontado pelas investigações da Polícia Federal como suspeito de ter recebido, no ministério, R$ 100 mil de propina do empresário Zuleido Veras, dono da empreiteira Gautama. Zuleido e outras 46 pessoas foram presos na semana passada, sob a acusação de organizarem uma máfia que fraudava licitações de programas como o Luz para Todos e se preparava, agora, para atacar também os empreendimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O pedido de licença do cargo por parte de Rondeau seria uma saída no estilo da encontrada em 1993 por Henrique Hargreaves, então chefe da Casa Civil do presidente Itamar Franco. Apontado pela CPI dos Anões do Orçamento como suspeito por desvios de dinheiro público, Hargreaves se licenciou para responder às acusações fora da função e para evitar problemas para Itamar. Comprovou que não estava envolvido nas irregularidades e voltou ao cargo.

Sarney disse ao ministro que o caso de Hargreaves criou uma espécie de "jurisprudência" para auxiliares que se sentirem injustiçados. Afirmou que era uma sugestão, mas que ele e o presidente Lula é que deveriam decidir o que é melhor. Ao mesmo tempo, Sarney procurava se preservar. Ele não quer, por exemplo, que a vaga de Rondeau seja entendida como sendo sua. Acha que o PMDB tem de assumi-la. Se for entendida como dele, Sarney, outro partido pode querer a vaga. Sendo um direito dos peemedebistas, a legenda fica com crédito para encontrar outro ministro.

Ontem à noite, fontes do Planalto disseram que o presidente da República deveria receber em Brasília, na Base Aérea, na volta da viagem a Assunção e a Foz do Iguaçu, um informe sobre a situação política. O relato deveria ser feito pelo ministro Tarso Genro (Justiça). No Ministério das Minas Energia, a situação de Rondeau era considerada "crítica" porque as provas da Polícia Federal sobre o envolvimento do assessor especial, Ivo Almeida Costa, são consideradas "consistentes" e "demolidoras".

Rondeau se defendeu ontem em Foz do Iguaçu dizendo que está acompanhando de perto as acusações que envolvem o nome dele e do Ministério no esquema de fraude. Rondeau disse que a sociedade não pode ficar sem uma resposta, por isso, determinou a abertura de uma auditoria especial e um processo administrativo disciplinar. "Agora estou acompanhando esse processo, e voltando para Brasília." Ele também afirmou que já pediu um despacho com o presidente Lula e fará uma avaliação da situação. "Se houve incúria, os responsáveis serão punidos", afirma.

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