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Por precaução diante das ocorrências violentas na Vila Torres, escolas da região dispensaram os alunos | Rafael Neves/Gazeta do Povo
Por precaução diante das ocorrências violentas na Vila Torres, escolas da região dispensaram os alunos| Foto: Rafael Neves/Gazeta do Povo
  • Escola fica a uma quadra de local onde jovens foram baleados durante a semana
  • Creche interrompeu atividades apenas nesta sexta, mas pais estariam retirando as crianças mais cedo há dois dias

Três centros de educação pertencentes ou conveniados à Prefeitura de Curitiba, localizados na região da Vila Torres, no bairro Prado Velho, não funcionaram nesta sexta-feira (1º), afetando mais de mil alunos. O motivo, segundo autoridades e moradores, é a tensão que o bairro vive na última semana, quando cinco pessoas foram mortas. A vizinhança relata que um "toque de recolher", imposto por lideranças de facções criminosas, está em vigor nos últimos dias.

A Escola Municipal Vila Torres, na Rua Chile, suspendeu as aulas desde quinta-feira (31). O local, que atende 600 crianças, fica de frente para o Teatro Paiol, onde espectadores retiravam ingressos para um show de MPB programado para a noite. Um funcionário do teatro disse não saber por que a escola estava fechada, mas achava que era por causa do "clima quente" na vila. A uma quadra dali, na quarta (30), três rapazes foram baleados.

Do outro lado do Rio Belém, a prefeitura fechou a Unidade de Educação Integral Vila Torres. O espaço abriga 224 alunos no contraturno escolar e fica nos fundos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Em frente à faculdade, na Rua Guabirotuba, um jovem de 17 morreu após levar quatro tiros na quinta (31). Comunidade teria sido avisada

A suposta ordem de evitar sair às ruas era visível. Na Vila Torres, entre as 14h e 16h de uma sexta-feira, havia poucos carros transitando e ainda menos pedestres. Isso não evitou, no entanto, que a Polícia Militar (PM) registrasse mais uma ocorrência violenta. Pouco depois das 16h, uma mulher de 42 anos foi esfaqueada e levada ao Hospital Cajuru. Segundo informações preliminares, ela não corre risco de morrer.

Uma creche para 200 crianças entre 4 meses e 5 anos de idade foi o terceiro espaço fechado nesta sexta, apesar de ser apenas conveniado com a prefeitura. As administradoras do local preferiram não se identificar, mas afirmaram que um padre foi diretamente orientado por criminosos a dizer às pessoas para evitar saírem de casa.

Elas contam que a creche funciona em tempo integral e é voltada para filhos de catadores de material reciclável. Mas cerca de um terço dos pais passaram a buscar as crianças já ao final da manhã, desde quarta-feira. O último pico de tensão na Vila Torres havia sido registrado em 2011, por causa de disputas pelo tráfico de drogas na região.

Reforço no policiamento

A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) se manifestou através da Polícia Militar, que é responsável pelas rondas ostensivas. A PM não reconhece a existência do toque de recolher em específico, mas informa ter intensificado o policiamento no local, "a fim de restabelecer a tranquilidade pública na Vila Torres", conforme nota enviada à reportagem.

O 12º Batalhão da PM, segundo o comunicado, apreendeu 11 armas de fogo, deteve dois adolescentes e prendeu um rapaz de 18 anos, que era foragido. No final da tarde, também da quinta, como parte da 10ª operação Nhapecani, destinou 30 viaturas e 110 Policiais Militares para a área, pendendo uma pessoa e apreendendo de 540 gramas de maconha. Para o final de semana, segundo a PM, outras ações de policiamento estão programadas.

Os cinco assassinatos cometidos desde o último sábado (26) são investigados pelo delegado Fábio Amaro, da Delegacia de Homicídios (DH). O policial explica que os crimes podem ter uma motivação central. "Temos informações de que existe um conflito de gangues no local. Há muito tempo, existem duas facções rivais: a ‘turma da xicarada´, e a ‘turma de baixo’. Esses homicídios podem estar diretamente ligados a isso", afirmou. "Pedimos que a população entre em contato, se tiver informações que ajudem a polícia. Nossa intenção é identificar os responsáveis e colocá-los na cadeia o mais rápido possível", disse o delegado.

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