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Uma das vozes mais importantes da ecologia brasileira, Evaristo Eduardo de Miranda estará em Curitiba hoje para uma palestra sobre o tema "O homem perante o universo". Durante o evento, que começa às 20 horas, no auditório do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), o ex-diretor da área de monitoramento por satélite da Embrapa falará sobre sua última publicação, o livro O Intimo e o infinito.

Mestre e doutor em Ecologia pela Universidade de Montpellier, na França, e autor de uma centena de trabalhos técnicos e científicos publicados no Brasil e no exterior, Evaristo Eduardo de Miranda é membro da Société d’Ecologie de France e da Ecological Society of America, professor da Univer­si­dade de São Paulo, consultor da Organização dos Estados Ame­ricanos (OEA), da FAO e do BIRD. Antes da visita a Curitiba, ele conversou por telefone com a reportagem da Gazeta do Povo. Confira trechos da entrevista:

Quais os principais riscos e méritos embutidos no novo Código Florestal?

Eu li o Código. Ele tem um mérito enorme, nunca no Brasil foram ouvidas tantas pessoas para se construir um texto. Foram mais de cem audiências públicas. Ele não foi atropelado, feito com pressa. Foi um debate que durou mais de dois anos. Outro mérito é a própria lei; nos últimos 15 anos foram feitas milhares de alterações na legislação ambiental, sem debate, sem a participação da comunidade científica. Agora não. Este projeto tira a agricultura da ilegalidade. Ele respeita as áreas agrícolas consolidadas em conformidade com a legislação de seu tempo. E é um código que defende o meio ambiente. Não existe nada igual em nenhum lugar do mundo.

Qual é a expectativa em relação à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sus­­tentável, que acontece no ano que vem no Rio de Janeiro, 20 anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Am­­biente e Desenvolvimento, também conhecida como ECO-92? Muita coisa mudou de lá para cá?

Os países desenvolvidos não cumprem as metas. Todo mundo criticou os Estados Unidos por não assinarem o Protocolo de Kyoto. Mas os países que assinaram não cumpriram. Portugal, por exemplo, aumentou 19% as emissões. Os países em desenvolvimento têm todo o direito de esperar mais efetividade e compromisso dos desenvolvidos. Não existe comparação. Eles emitem muito mais. Isso também não nos isenta da responsabilidade. Mas os países desenvolvidos têm uma responsabilidade grande e estão longe de assumir. Eles só se preocupam com interesses nacionais.

Como avalia a política brasileira de redução de emissões? O controle do desmatamento é eficiente a ponto de contribuir nessa redução?

Excelente. O Brasil tem uma das ma­­trizes ener­­géticas mais limpas do mundo, 47% da energia brasileira vem de fontes renováveis, enquanto nos outros países esse número chega a 7%. E você ainda escuta no rádio que eles [outros países] são exemplos. A cana-de-açúcar garante 18,3% da energia do Brasil e há anos ultrapassou a contribuição das hidrelétricas. O Brasil também é um dos países industrializados com menor taxa de emissão de carbono. Graças à agricultura, o país vem cumprindo bem as metas. O país também vem registrando as menores taxas de desmatamento da história, que pode, inclusive, adiantar algumas metas de desmatamento. Mas não podemos relaxar. Avançamos muito nos últimos anos, mas precisamos avançar mais.

Serviço:

O ciclo de conferências e debates do Instituto Ciência e Fé acontece hoje, às 20 horas, no auditório do Conselho Regional de Medicina do Paraná, na Rua Victorio Viezzer, 84, Vista Alegre.

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