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O plural dos substantivos, adjetivos, pronomes e artigos de nossa língua é feito com o acréscimo de um "s": carro/carros. Isso aprendemos desde a mais tenra idade e depois sistematizamos na escola. Claro: na língua falada do dia-a-dia a maioria de nós coloca em ação uma gramática que reduz ao mínimo o número de "esses" que marcam o plural das palavras. Portanto, o que escrevo hoje tem a ver com o mundo da escrita e muito restritamente ao mundo da fala. Tendo isso em mente, vou me ater à formação do plural das palavras "qualquer" e "bastante". A primeira contraria a regra geral; a segunda obedece a essa regra, mas pode parecer muito estranha aos nossos ouvidos.

Vamos começar pelo "qualquer". Essa palavra nasceu da junção de duas outras: qual+quer. O tempo passou e perdemos a noção desse casamento. Ou melhor, perdemos mais ou menos, pois vejam: "Eles não tinham quaisquer motivos para reclamar". Isso mesmo: a palavra "qual", mantendo seu jeito de se flexionar, vai para o plural: qual/quais+quer= quaisquer. Mais um exemplo: "Quaisquer que sejam seus problemas, estamos aqui para ajudá-lo". Aí está uma palavra que faz o plural bem no meio, contrariando a regra geral.

A palavra "bastante" vai para o plural quando tem sentido de "suficiente" – portanto funciona como adjetivo: 1) Não tenho razões bastantes/suficientes para acompanhá-la. 2) Trinta dias não foram bastantes/suficientes para eu repor minhas energias. "Bastante" também vai para o plural quando faz o papel do pronome "muito". Nesse caso ele sempre está na frente de um substantivo: 1) Bastantes leis foram criadas nos últimos meses (muitas leis foram criadas). 2) Bastantes deputados fizeram discursos inflamados (muitos deputados).

É isso. O uso fica por conta de cada um. Só lembrando que bastantes quaisquer na fala são um excesso.

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