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De segunda a sexta da semana passada, acompanhei um programa de rádio em que os ouvintes são convidados a participar de uma enquete diária sobre os assuntos de maior repercussão nos jornais. Ouvi atentamente opiniões sobre o caso Palloci, sobre o veto da presidente Dilma Rousseff ao kit anti-homofobia, sobre o livro didático Por uma vida melhor e sobre financiamento público de campanhas políticas.

Primeira conclusão: independentemente do assunto, sempre temos dois ou três dedos de prosa a oferecer. Segunda: a forma como o apresentador conduz a questão já aponta para um universo mais ou menos óbvio de repostas. Na verdade, as pessoas são chamadas apenas para confirmar o ponto de vista de quem realiza a pesquisa.

A enquete que mais me chamou a atenção foi sobre financiamento público de campanhas. Depois de fazer uma apresentação bem superficial do assunto, o apresentador perguntou à primeira participante: "A senhora gostaria de pagar a campanha dos políticos?" Resposta: NÃO! E mais um monte de considerações sobre os políticos.

Mais adiante: "João, você prefere pagar a campanha dos deputados ou quitar seu carro?" João mostrou mais apego ao automóvel.

Resultado: 100% dos participantes foram contrários, o que não questiono. O problema é que não houve a preocupação de se oferecer aos ouvintes uma explicação clara sobre o assunto. Era só chamar dois especialistas na questão e com posições divergentes, dar tempo igual para exporem seus pontos de vista. E aí perguntar de forma objetiva: "A senhora é favorável ou contrária ao financiamento público de campanhas políticas?"

Talvez ou provavelmente a maioria fosse contrária. E o apresentador não precisaria usar de expediente tão condenável como esse de manipular a opinião alheia.

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