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Vossê custuma recorrê aus servíssus di au­­­guéim qui corríji êrrus ortográficus? Nãum? Poiz tá cértu. Raramênti cometêmus êrrus deça ispécii.

Os leitores notaram que todas as palavras do primeiro parágrafo e do título desta coluna (vinte e duas) estão erradas. Talvez a única que não provoque escândalo seja a forma verbal "tá" – fenômeno chamado aférese: a queda de um fonema ou sílaba no início do vocábulo. O "tá" (em vez de "está") se insinua em textos escritos coloquiais e é presente na fala de quase todos os brasileiros. Por outro lado, caso lidas em voz alta (sobretudo para alguém que não esteja vendo o texto), é quase certo que as vinte e uma palavras restantes sejam recebidas sem susto. Procurei fazer um ajuste entre uma forma possível de escrita e uma forma provável de pronúncia. Os limites deste espaço não permitem uma transcrição fonética mais acurada.

Vamos ao título da coluna. "Corretores ortográficos" (agora corrigido) é a forma como boa parte de nós formados em Letras somos tratados quando alguém precisa de um serviço de correção. A situação quase sempre é a mesma: uma pessoa está para defender seu doutorado ou mestrado e o orientador pede um pente-fino no texto. Aí vem a pergunta: "Você faz correção ortográfica?"

Sinceramente não me sinto ofendido. Ora, corrigir textos é uma tarefa que requer bastante especialização – e muita, mas muita responsabilidade com a produção alheia. Entretanto, uma pessoa quase mestre ou quase doutora dificilmente comete erros de ortografia, e isso é apenas um dos muitos pontos que a distinguem de uma pessoa em início de alfabetização. A maioria dos deslizes tachados (e não taxados!) de erros ortográficos é na verdade um problema de semântica – estudado sob a rubrica "parônimos e homônimos". Por exemplo: um iminente doutor talvez nunca seja um doutor eminente.

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