O título da coluna busca dialogar com leitores que me perguntaram se é correto usar acento grave em "Ensino a distância/Ensino à distância". Com a popularização dessa modalidade de ensino, volta e meia vemos as duas formas se alternando em revistas, jornais, outdoors e outros veículos de comunicação. Sem rodeios, podemos assegurar que a forma aceita é a sem acento: "Ensino a distância". Daí que temos também a sigla EAD (Ensino a distância) e não EÀD.

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Agora vamos fazer um pouco de rodeio e lembrar que há mais lambari nesse rio do que sonha nossa vã filosofia.

Temos em nossa língua centenas de locuções (ou expressões) adverbiais, prepositivas e conjuntivas, formadas de substantivo feminino, que são acentuadas com acento grave: às vezes, à esquerda, às escuras, à venda, à moda de (Ele se veste à Milton Nascimento – nesse caso fazemos a elipse da palavra moda), à espera de, à medida que, à proporção que, etc., etc. São muitas, como eu disse. Mas de tanto usar acabamos decorando a maioria. E quando vem a dúvida não tem outro jeito: devemos pesquisar numa boa gramática ou em algum site confiável.

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Voltemos à locução "a distância". Há consenso entre os gramáticos de que devemos acentuar o "a" quando estiver especificada a distância. Por exemplo: Ele se manteve à distância de 100 metros. Aqui o acento é obrigatório. Fim da história? Que nada. Evanildo Bechara, um dos gramáticos mais importantes do Brasil, defende o uso do acento em todos os contextos, incluindo aí "Ensino à distância". Graciliano Ramos cansou de usar as duas formas. Deixou de ser um dos maiores escritores do Brasil?

O que fazer? Eu vou seguir a regra: "Acentuar apenas quando a distância estiver especificada". Assim terei mais chances de acertar pelo menos uma questão em um concurso público.