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Faz tempo que devo resposta a um leitor que desejou saber meu ponto de vista acerca dos estrangeirismos que desfilam livres, leves e soltos no nosso idioma. Ele me solicitou uma coluna sobre esse assunto, o que faço hoje com prazer. Quem quiser ter uma visão mais profunda sobre o tema deve ter em mãos o excelente livro Estrangeirismos: guerras em torno da língua (Parábola Editorial), organizado pelo linguista Carlos Alberto Faraco. Trata-se, em minha opinião, da melhor abordagem de um tema que, quase sempre, suscita paixões violentas e desinformações medonhas.

Dito isso, começo pelo óbvio: é natural que nossa língua faça empréstimos de palavras de outros idiomas. A menos que nos isolemos em Marte, vamos continuar buscando termos estrangeiros para expressar demandas muito concretas de nossa realidade. Não tem cabimento – além de ser antieconômico – traduzirmos tudo para nossa língua. O mouse veio para ficar, assim como o "futebol" (de football). Sempre que possível, a língua "traduz" a palavra para nossa forma de falar e de escrever. Snooker, por exemplo, virou "sinuca", bem adequada ao português.

Os empréstimos linguísticos não empobrecem o idioma, como alguns supõem. Pelo contrário, sem intercâmbio qualquer língua tende a sumir do mapa.

Há, no entanto, determinados estrangeirismos que não têm nada a ver com a tendência natural da língua, mas com a preguiça e ignorância de algumas pessoas. Vejam só: qualquer cafezinho com bolacha virou breakfast. Qualquer coisa sob medida virou "customizada". Qualquer descontinho de 10% virou 10% off. Qualquer serviço de entrega virou delivery. Lemos textos cheios de palavras estrangeiras, mesmo quando nossa língua oferece termos adequados.

Please, my friend! Delete a preguiça e welcome ao Brazil. Ou melhor: to Brasil.

Adilson Alves é professor.

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