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Retomo assunto da coluna anterior (Texto escrito: a importância da imagem do leitor) e avanço um pouco mais naquilo que chamei de "imagem de leitor", instância decisiva em todo processo comunicativo. Sem essa imagem minimamente desenhada, corremos o risco de fazer um texto incapaz de atingir o objetivo.

Um artigo de filosofia, por exemplo, escrito por um especialista na área para outros especialistas da mesma área será diferente se direcionado a um público de não especialistas, mesmo que constituído de leitores com alta escolaridade. Aliás, há em nosso país um grande público de curiosos (a maioria com nível superior) que gosta de se informar sobre as mais diversas áreas do conhecimento. Daí o sucesso editorial de revistas de sociologia, filosofia, literatura, antropologia etc. A explicação parece ser esta: o aumento da escolaridade dos brasileiros propiciou o surgimento dessa imagem de leitor sedento por cultura geral. Se essas publicações são, no fim de tudo, uma deturpação de conceitos importantes é outra história. Mas é inegável seu sucesso comunicativo.

Por outro lado, o desejo de acertar pode nos levar a equívocos grosseiros. É o que vemos, por exemplo, em diversas publicações direcionadas a crianças e jovens, o chamado público infanto-juvenil. Mais da metade da nossa literatura feita para esse público não serve nem para crianças, nem para jovens, nem para as nuvens. Trata-se de textos que tomam por base uma imagem estereotipada, perto da idiotice. Os exemplos, é claro, não ficam restritos aos textos literários.

O fato é que, como já procurei deixar claro, nunca temos uma imagem 100% exata do nosso leitor. Fazemos uma aposta com certa segurança, baseados muito em nossa intuição. Corremos o risco de errar. Mas isso faz parte da nossa vida.

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