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O caso se deu num programa cuja proposta é discutir temas que interessam aos jovens. Lá pelas tantas uma moça confessou: "Eu namorei com o Ricardo durante quatro anos". Então uma colega corrigiu: "Você namorou o Ricardo". E ela: "Foi isso mesmo que eu disse". Aí veio o golpe de misericórdia: "O certo é namorar alguém e não COM alguém".

Regência verbal? Que baixaria! E olha que o programa era livre para todas as idades...

Mais gente entrou na conversa; alguns jovens estavam afiadíssimos no assunto – uma parte vai começar uma maratona de vestibulares agora em outubro. Dois ou três disseram que tanto faz. Meia dúzia condenou o uso da preposição. Uma garota romântica lembrou que o amor está acima de questões de regência. No fim, a menina que namorou (com) o Ricardo cedeu, tirou a preposição e foi adiante com sua história. Bem legal, aliás.

Mas a questão que ficou na minha cabeça foi a forma com que a jovem sem coração afirmou que o certo é namorar alguém e não com alguém. Certamente ouviu isso de algum professor de português ou leu em alguma apostila. E ambas as alternativas podem estar corretas. Caso tenha aprendido isso numa aula de língua portuguesa, é bom tomar cuidado com o que ensinam nas outras matérias. Porque pessoas capacitadas no assunto discordam. Celso Pedro Luft, autor de dois dicionários fundamentais sobre regência, abona o uso de namorar com; mestre Aurélio também; Silveira Bueno, idem... O que boa parte dos materiais normativos traz (e seguimos aqui na Gazeta) é a orientação para se usar o verbo na forma direta: Ela namora um rapaz do cursinho.

Vamos entender o uso da preposição? Acontece que temos uma analogia legítima com outros verbos de sentido próximo: noivar com, casar com = namorar com. E ainda temos o consagradíssimo "ficar com". Bem ao gosto dos jovens.

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