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Não raras vezes e quase sempre com o desejo de honestamente elogiarmos uma pessoa, saímos com frases do tipo "ele é cego, mas é muito inteligente" ou "apesar de cego, parece uma pessoa normal".Mesmo com as melhores intenções do mundo, em casos como esses acabamos perpetuando um discurso perverso que separa os seres humanos em dois grupos bem distintos: os "normais" e os "não normais" – ou "anormais". Ao primeiro grupo pertenceriam os capazes; ao segundo, os incapazes.

Erra feio quem pensa assim. Erra feio também quem fala assim.

Toco nesse assunto motivado por e-mail recebido do engenheiro Vinicio Bruni, sócio-fundador da Associação de Pessoas com Deficiência de Itapema (ADI) e pessoa extremamente preocupada com o melhor uso da língua. Trata-se de uma dica valiosa para quem escreve em meios de grande circulação, a exemplo de jornais e de revistas. Mas também para todos nós indistintamente.

Pois bem. Um dos usos recomendados, por exemplo, é o termo "pessoa com deficiência". Há muitos tipos de deficiência. O importante é destacar o uso do substantivo "pessoa" e aí, sim, especificar: pessoa com doença mental, pessoa com transtorno mental ou mesmo paciente psiquiátrico. Mas nada de "deficiente mental", "doido", "retardado".

Pelo que eu li do material que Bruni me enviou, o uso ainda bastante produtivo do termo "portador(a) de deficiência" também está sendo recusado, ou pelo menos não é consensual. A justificativa é de que uma pessoa "não porta", não carrega uma deficiência: ela tem um tipo de deficiência.

A conversa vai longe e não cabe, evidentemente, nos limites desta coluna. O importante é que fique claro para todos nós, pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência, que o uso adequado da língua tem o poder de nos unir nas nossas diferenças.

O uso inadequado da língua nos afasta, cria barreiras. E todos perdemos.

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