Sugeriram-me que dispensasse algumas linhas sobre "pleonasmos".

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Caso escape a algum leitor o sentido da palavra, trata-se do emprego de termos redundantes. Por exemplo, na frase "Eu entrei para dentro", a forma verbal "entrei" contém a ideia de "para dentro". O mesmo vale para "saí para fora" (sair = para fora). É claro que nem sempre os verbos "entrar" e "sair" pressupõem sentido de "dentro" e "fora". Pensemos em construções do tipo "entrei numa fria", "você entra com o dinheiro e eu com a simpatia", "eu me saí mal na prova", "ele sai com cada uma!" etc. Ou seja, a redundância vai depender do sentido da palavra em dada situação, sempre concreta. Da mesma forma, é a situação real que servirá para se julgar se o pleonasmo é ou não um problema. Porque precisamos ser honestos: pleonasmos, todos nós os cometemos. O monitoramento fica restrito a situações formais de comunicação. Os jornais, por exemplo, dão bastante peso à questão.

A lista de construções que devem ser evitadas não varia muito de manual para ma­­nual. Ve­­jamos com nossos próprios olhos alguns pleonasmos condenados: almirante da Marinha, acabamento final, sorriso nos lábios, encarar de frente, surpresa inesperada, biografia da vida, decapitar a cabeça, repetir de novo, ver com os olhos, viver a vida ...

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Bem. Já dissemos muitas vezes que os julgamentos sobre língua sempre consideram primeiro os falantes e só depois vão para a língua de fato. Isso vale também para os pleonasmos.

Segundo os alfarrábios, existem aqueles praticados "por gente que não conhece a língua" - são os viciosos. Mas também há aqueles usados intencionalmente "por pessoas que conhecem bem a língua" e sabem que um pleonasmo pode intensificar a comunicação: "Que ME importa a MIM a glória?" "Tinha a testa enrugada como quem VIVERA a VIDA de contínuo pensar" (A. Herculano).

Por enquanto é isso.