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Muitas pessoas têm demonstrado antipatia pelas mudanças previstas no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A supressão de alguns acentos é um dos pontos mais criticados. Tomara que seja tudo passageiro. Ademais, teremos quatro anos para adotar essa "ideia".

Na verdade, algumas mudanças não alteram muita coisa. Pelos menos em tese. Um exemplo é o aumento do nosso alfabeto.

Antes tínhamos 23 letras, mas nossos professores e nossas professoras deixavam bem claro: são essas 23 mais o "k", o "w" e o "y". Como eram três letras, digamos assim, estrangeiras, sempre sofreram algumas restrições. Por exemplo, nada de usar o "k" em palavras como "karro" e "kerida". Nem usar o "y" em "ygreja" e "ysca". O "w" é mais interessante, pois poderia ser usado nas palavras "werdade" e "weredas" (aqui no lugar do "v") e ainda em "gastow" e "mostrow" (no lugar do "u"). Sim: já temos letras que ocupam essa função dignamente. E deixo qualquer rebeldia para o pessoal do orkut e do MSN.

Acontece que, mesmo fazendo parte agora da grande comunidade de falantes da língua portuguesa, "k", "w" e "y" devem manter seus lugares de sempre: 1) em palavras vindas de nomes próprios estrangeiros e seus derivados: Kant – kantismo, Darwin – darwinismo e Byron – byroriano; 2) em nomes próprios de lugares e seus derivados: Kuwait – kuwaitiano, Malawi – malawiano; 3 abreviaturas, símbolos, siglas e palavras adotadas como unidades de medidas internacionais: kg, km, W (watt); 4) palavras e nomes estrangeiros e seus derivados: playground e show, por exemplo.

Pois é. Como podemos ver, trata-se de uma posição bem humilde. Mas é um começo. Agora que foram reconhecidas como filhas legítimas do nosso alfabeto, essas letras podem, pouco a pouco, pleitear um lugar mais nobre nos nossos textos. Ou não.

Adilson Alves é professor.

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