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Para o jogo de hoje, vai um palpite de torcedor: Brasil 3, Japão 0. De torcedor, é claro, porque se a gente começa a pensar um pouco, já fica com a pulga atrás da orelha. Até aqui, para repetir o que o mundo inteiro sabe, não jogamos nada. A seleção parece um clube de cadeiras cativas e sócios remidos, mais funcionários do time que jogadores, os veteranos todos com lugar garantido, presença indiscutível no campo e na publicidade. Mas resisto à teoria conspiratória segundo a qual não dá para tirar Fulano ou Beltrano porque há muito dinheiro em jogo, são patrocínios oficiais, etc. Não precisa ir tão longe – o fato é que Parreira é um técnico conservador mesmo, como sempre foi Zagallo, seres defensivos por natureza, chegados num meio a zero, movidos pelo medo. Eles têm horror ao novo e ao risco.

Faz algum sentido – o futebol estreitou seu espaço de jogo sob o domínio da força fisica, que quase sempre nivela Gana e França, Trinidad Tobago com Brasil e Coréia, Togo, Tunísia e Inglaterra, parece que é tudo igual, aquela violenta corrida ombro a ombro o tempo todo, chutando grama, perna e bola. E os defensores da retranca sempre podem sacar Telê Santana do bolso, que pensava grande, jogava bonito e perdeu duas vezes. Já em 94, com um futebol chinfrim, essa mesma dupla de técnicos da zaga levou a copa. É o tal pragmatismo.

A questão é: até quando esse time veterano vai agüentar o tranco? Robinho, fominha, está escancaradamente melhor que o deprimido Ronaldo, pelo poder de desorganizar a defesa adversária, mas só joga 20 minutos. Roberto Carlos é a previsível força bruta dos chutões sem mira, já em fim de carreira. Legal que o Cafu bata os recordes de jogos na seleção, grande figura, mas hoje Cicinho é melhor. E o Adriano? Sinceramente, não vejo nada de especial nesse centroavante. Um bom jogador, não se discute, mas sem carisma. Até mesmo o incrível Ronaldinho Gaúcho está um peixe fora d’água, como quem entrou no time errado, morrendo de saudades do Barcelona. Contra a Austrália, ainda teve de pagar o mico de uma pisada vexatória na bola, logo ele.

Mesmo assim, três a zero? É loucura, mas tem seu método. Ainda acho que somos o melhor futebol do mundo. Se perder ou empatar com o Japão, melhor pedir logo o boné, voltar para casa e cuidar da vida. Chega de sofrer contra timecos e passar vergonha com pernas-de-pau. O Brasil estará relaxado, classificação garantida, e o Japão vai entrar no desespero, errando todas. Além disso, Parreira disse que quer poupar titulares, o que melhoraria o time imediatamente, com o pessoal do banco louco para mostrar serviço. Estou é com pena do Zico. Já fico até preocupado com o desvario do ufanismo que virá em seguida – quando a Copa do Mundo, enfim, começar de verdade.

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