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Dizem que o Brasil vai crescer mais de 5% em 2010, o que parece animador, depois de uma grande crise. Mas como os economistas erram, os governos mentem e eu ando pessimista, talvez seja melhor baixar um pouco a bola. Até porque, como há mais de 10 anos não tem havido investimentos significativos em infraestrutura no país, se soprar com um pouquinho mais de força vai faltar luz (já tivemos uma amostra em 2009), estrada, aeroporto e espaço. Para imitar as maravilhosas metáforas futebolísticas de São Lula, a ideia de crescer que está rolando por aí é a de botar em campo 97 jogadores, 30 gandulas e 12 juízes, sem aumentar o tamanho do gramado. A dívida pública está virando o ano em um trilhão de reais; em compensação, nossos 0,2% de crescimento renderam 140% de lucros na Bolsa. Mas todos garantem que não há nenhuma Bolha Assassina no horizonte. Assim seja.

Quanto a mim, modestamente, não quero crescer. Quero emagrecer. Fiz até um plano particular de governo: cinco quilos em 12 meses. Um projeto modesto, mas que vai fazer uma baita diferença para subir escadas. Não é muita coisa: uma redução de cinco quilos no ano representa 416 gramas e um quebradinho por mês. Por dia, uma merreca de 14 gramas a menos. Caramba, se eu não for capaz de abdicar de uma colher de arroz por dia, não sou um homem – sou um rato! Fica aqui meu projeto público: fechar 2010 com 82 quilos, contra os 87 de hoje.

Outro desejo especial para 2010 é muito importante: que o Clube Atlético Paranaense volte a empolgar nesta nova década como empolgou nos primórdios do século 21. O sétimo time brasileiro da era dos pontos corridos não tem hoje muito a comemorar. Tudo bem, continuamos na série A, salvando um pouquinho a cara do futebol paranaense, mas muito mais como aquele repetente que senta no fundo da sala e passa raspando a golpes de sorte, meio que no chute (sem trocadilho), do que por méritos notáveis. Foi um ano em que, de novo, jogamos só para não cair, o costumeiro suadouro angustiante, a aritmética dos pontos pensada de cabeça pra baixo. Em 2008, Galatto nos salvou; desta vez, Paulo Bayer foi a grande diferença. Que em 2010 o time inteiro faça a diferença – e o fato de que Bayer continua mais um ano no time já é uma boa notícia. Aos meus amigos coxas e paranistas, que são muitos, o desejo sincero de que retornem urgentemente à Série A para dar o obrigatório tempero local ao Bra­­sileirão.

Bem, de certeza mesmo só digo que é possível começar o ano e as férias com literatura de qualidade: os contos de O macaco ornamental (Ed. Bertrand Brasil), do curitibano Luís Hen­­rique Pellanda, que acabo de ler, são uma ótima pedida. Textos marcantes e cortantes de uma estreia com estrela – e olha que se aventurar no conto na terra de Dalton Trevisan não é para qualquer um.

Aos meus poucos, mas generosos leitores, vão os votos de um belo 2010, que todos merecemos.

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