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Tem uma velha anedota de briga de galo que deve ter surgido na Toscana, terra abençoada por Baco com o clássico vinho Chianti. Conta-se que o médico recém-formado, assim que chegou ao interior, foi apresentado a uma rinha de galo. Dois galos, um branco e um preto, estavam em pé de guerra. O novato pergunta, então, a um dos circunstantes: “Qual é o galo bom?” Ao lado, o camarada responde: “O branco!” Para se enturmar, o médico aposta R$ 100 no galo branco. Depois de muita pena voando, o galo preto dá uma surra no branco. Inconformado, o doutor questiona: “Você não disse que o branco era o bom?” Na calma de sempre, o nativo responde: “Doutor, o branco é que é bom! Mas o que ele tem de bom o preto tem de mau!”

Na Itália dos temos de Maquiavel, os banquetes eram tão fartos que chamava atenção o cardápio nos dias da Quaresma, quando era preciso respeitar o jejum. O banquete na casa de um notável, na Semana Santa de 1513, dá uma ideia da imaginação italiana para burlar as prescrições da Igreja. Ao abrir os trabalhos, serviam guloseimas e diversas saladas, seguidas de cannelloni recheados. Em seguida vinham os peixes, sem esquecer das rãs, preparadas de quatro maneiras: cozidas, fritas, grelhadas e no espeto. Depois da sequência de ostras, frutas da estação, amêndoas e castanhas. Tudo regado copiosamente com o celebrado vinho Chianti, cujo símbolo é o Gallo Nero (galo preto) – marca que se originou de uma lenda da época medieval, quando Florença e Siena lutavam por suas fronteiras.

Na Itália dos temos de Maquiavel, os banquetes eram tão fartos que chamava atenção o cardápio nos dias da Quaresma

Entre as pendengas encontrava-se uma preciosa terra conhecida por região de Chianti. Cansados das batalhas sanguinárias, os senhores da guerra decidiram por um desafio entre dois cavaleiros de cada cidade. Ao nascer do sol, quando o galo cantasse pela primeira vez, cada cavaleiro partiria de sua respectiva cidade em direção à cidade oposta. A fronteira seria determinada no exato ponto em que eles se encontrassem.

Os cidadãos de Siena (chamados seneses) escolheram um galo branco e o trataram com muita comida para que, na alvorada, ele tivesse o canto mais poderoso da região. Os maquiavélicos florentinos escolheram um galo preto mantido em jejum, sem nenhum grão de milho. No dia do desafio, o galo preto florentino, quase morto de fome, começou a cantar antes mesmo de o sol nascer. Enquanto isso, o galo branco senese, de pandulho cheio, ainda dormia com os anjos do pintor Giotto.

Foi quando o cavaleiro de Florença, despertado pelo galo preto, iniciou seu galope muito mais cedo que o cavaleiro de Siena – que ainda roncava antes que seu galo cantasse! O litígio fronteiriço terminou quando os dois cavaleiros se encontraram a poucos quilômetros dos muros de Siena.

Foi assim que a República Florentina ganhou a região do Chianti, graças ao Gallo Nero protegido de Baco.

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