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Tendo por hábito tratar jornalistas a coices e patadas, o senador Roberto Requião legislou em causa própria ao cometer a Lei 13.188 –mordaça que dispõe sobre o direito de resposta a quem se sentir ofendido pela imprensa.

Além de intimidar e torcer o dedo de jornalistas, coices e patadas são coisas que o ex-governador conhece muito bem, desde o tempo de quartel. A história de que Roberto Requião de Mello e Silva pintou o cavalo do comandante de cor-de-rosa não é mais uma das tantas lendas urbanas de Curitiba. Está na manchete principal da Tribuna do Paraná do dia 28 de abril de 1962: “Óleo de hortelã contrabandeado do Brasil!”

Dos seis soldados da fuzarca, três deles foram pintar o sete na política

As propriedades vexatórias do óleo de mamona foram descobertas bem depois; o contrabando era óleo de hortelã-pimenta, usado nas forças armadas do Paraguai para o resfriamento de “modernas armas bélicas e mísseis, até nos aviões a jato”. Os paraguaios já estavam de olho nas reservas brasileiras de energia desde aquela época. Tanto que uma vasta rede de contrabandistas comprava toda a produção de óleo de hortelã-pimenta do Paraná e São Paulo.

Na segunda manchete da Tribuna, a traquinagem de que o capitão do CPOR não gostou: “Alunos do CPOR pintaram cavalo do oficial de cor-de-rosa”.

“Seis alunos do Curso de Preparatório de Oficiais da Reserva, sem pensarem nas consequências de seu ato, resolveram fazer uma brincadeira com um oficial superior. Os seis jovens, iludindo a vigilância dos guardas, penetraram no quartel e pintaram o cavalo de uso de um oficial com tinta cor-de-rosa. Brincadeira de mau gosto, mas que não os eximiu de serem enquadrados no artigo 228 do Código Penal Militar e de estarem sujeitos a penas que podem chegar a três anos de reclusão”.

Bonita cor escolheram os rapazes oriundos da fina flor curitibana, quando na madrugada do dia 10 de janeiro os alunos Antônio Carlos Ribeiro Grein, Joaquim Antônio Guimarães de Oliveira Portes, João Maurício Virmond, Nure Calluf, Roberto Requião de Mello e Silva e Víctor Paulo Miroslau, burlando a vigilância da guarda, penetraram nas dependências do quartel à Praça Osvaldo Cruz e pintaram o cavalo que servia de montada ao capitão Sílvio Cardoso.

Let’s twist again era o grande sucesso de Chubby Checker nas paradas de 62. Nesse embalo, os rapazes da fina flor curitibana saíram do julgamento, com o capitão Sílvio Cardoso, lambuzado de cor-de-rosa, cantando Escândalo, o grande sucesso de Cauby Peixoto.

Dos seis soldados da fuzarca, três deles foram pintar o sete na política: Tatau Grein agitou o PTB; Joaquim Portes foi dar suas pinceladas no Palácio Iguaçu; e o terceiro é aquele que deu as tintas no Paraná por 12 anos.

Quanto ao cavalo do capitão, a Sociedade Protetora dos Animais deve estar aguardando o direito de resposta. Nesse vale-tudo – e se o STF não corrigir os excessos e falhas da Lei 13.188 –, não vamos nos assustar caso o senador apareça na Boca Maldita com o cabelo pintado de cor-de-rosa.

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