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O barulho causado pela chegada dos médicos cubanos foi semelhante a um tsunami proveniente das ilhas do Caribe. Como um pesadelo leva a outro, podemos imaginar o tamanho do inferno caso um terremoto abalasse o Brasil. Quantos bilhões da ajuda internacional seriam devidamente destinados ao socorro de vítimas da tragédia? Uma boa parte seria aplicada na compra de água mineral com gás para os ribeirinhos da Amazônia. Outra parte iria parar nas cuecas de poucos e bons sobreviventes.

Mesmo num sismo continental, alguns pontos do Brasil não seriam atingidos. Brasília, com certeza. Epicentro do poder, todas as desgraças partem de lá; nunca chegam até lá. Enquanto na Avenida Paulista os banqueiros rastejariam entre os escombros da economia nacional, no Rio de Janeiro os moradores da Avenida Vieira Souto acordariam soterrados por meia dúzia de escolas de samba, e na Baixada Fluminense o cotidiano seria o de sempre. Em Porto Alegre os gaúchos ficariam de boca aberta ao ver a Ilha de Santa Catarina no meio do Guaíba, levada de arrasto pelas tainhas em retirada. No Paraná, Foz do Iguaçu se juntaria às Sete Quedas sepultadas sob as águas, destino igual ao de Buenos Aires, submersa pelo rompimento da barragem de Itaipu. No Nordeste, o destino anunciado: "O sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão".

Só não saberíamos medir o tamanho da felicidade nos subterrâneos de Brasília para administrar e distribuir os bilhões que, já no dia seguinte, começariam a chegar do exterior. Com o ex-presidente Lula casualmente ausente, a "presidenta" desaparecida nos destroços do Banco Central, em nome do governo o ministro Aloizio Mercadante se apresentaria para falar à nação, através da única retransmissora restante da Voz do Brasil.

Diria Mercadante, devidamente fantasiado de comandante do Corpo de Bombeiros: "Toda ajuda será bem-vinda, porém resistiremos até o último homem à invasão do território nacional por enfermeiros de Barack Obama, armados de remédios e equipamentos cirúrgicos". Ao lado, o ministro comunista Aldo Rebelo desafiaria com um brado retumbante: No pasarán!.

Depois de um discurso do tamanho de Fidel Castro, Mercadante anunciaria o comitê de salvação nacional – formado pela base governista –, encarregado de administrar os recursos externos a serem distribuídos aos sobreviventes do fim do mundo.

Caso as placas tectônicas um dia traírem esse país abençoado por Deus e bonito por natureza, não duvidem: na falta de pães, serão distribuídos brioches. Na falta de brioches, sempre teremos rúcula com tomate seco. E, se vamos dançar, podemos tirar do baú os velhos discos da orquestra Românticos de Cuba.

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