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Não há nada mais escasso no nosso dia a dia do que o tempo. Tolos que somos, corremos atrás dele para capturá-lo – como se possível isso fosse. Inventamos mil maneiras de encurtar as distâncias, de tornar o cotidiano mais prático e rápido. Tudo no intuito de ganhar tempo. Pura ilusão. Na verdade, só diminuímos o ritmo com que ele escorre de nossas mãos.

Mas – supremo paradoxo –, ainda que nunca venhamos a tê-lo de fato, podemos dá-lo. Ainda que nos seja tão caro, é de graça. Por que, então, neste Natal, não dar um pouco de tempo a quem estimamos? Que presente poderia ser tão especial?

Cada qual tem alguma habilidade em que pode devotar momentos de generosidade. Quem sabe escrever que redija um texto para dedicá-lo a alguém. O músico que componha uma canção aos familiares. O contador de causos que alegre um coração com uma história fabulosa. O artista que se inspire nas pessoas especiais para rabiscar um novo desenho ou pintura. O carismático que agregue em torno de si os amigos desgarrados. O homem de bom coração que faça o bem. Neste mundo já há mal demais para se esconder a bondade.

Mais generosos ainda seríamos se dedicássemos nosso tempo naquilo em que falhamos com os outros. Se nos lembrássemos das amizades que há muito esquecemos. Se déssemos paz àqueles que irritamos. Se escutássemos os que nos procuram, mas que costumamos ignorar. Se cobrássemos menos de quem exigimos tanto. Se reparássemos as injustiças que cometemos. Se surpreendêssemos aqueles que nada de nós esperam.

Dar tempo a alguém é difícil, reconheçamos. Ainda mais com a vida corrida da modernidade. Mas mesmo o mais assoberbado dos homens pode doar preciosos minutos a alguém. Pode não; deve. Se não temos tempo para nada, então estamos escravizados. Dedicar-se a outra pessoa, nesse caso, é um saudável ato de rebeldia. É libertar-se dos grilhões que aprisionam nossas vidas.

E o que é a vida senão uma existência entre dois pontos na linha contínua do tempo? O que é senão o que fazemos com o nosso curto tempo de caminhada sobre este planeta?

Cada segundo de nossas histórias nos foram dados de graça. Assim serão aqueles que ainda virão. Sempre carregaremos essa dívida em nossas costas. Dedicar atenção aos demais é ser grato e honrar nossa própria existência. Portanto, presenteie alguém com seu tempo. E tente fazer com que cada dia seja como se fosse o Natal.

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