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 | Ricardo Marques de Medeiros/Gazeta do Povo
| Foto: Ricardo Marques de Medeiros/Gazeta do Povo

A revitalização da Rua Riachuelo, no centro de Curitiba, pelo menos para mim, não está completa. O novo calçamento antiderrapante facilitou a vida de quem passa por ali, para felicidade dos comerciantes. A iluminação modernizou uma das áreas mais degradadas da região central, o que se espera tenha ajudado a diminuir as ocorrências policiais. As fachadas ganharam tintas novas. Mas faltou algo. Acredito que a grande maioria das pessoas que passam por ali diariamente nem deve ter percebido que alguma coisa não voltou a funcionar, exatamente o detalhe que me incomoda.

Explico: adoro relógios de rua. Sempre presto atenção neles, até mesmo naqueles feiosos que marcam a temperatura também. Quando "descubro" um desses marcadores de tempo pelas ruas de Curitiba, viro fã.

De passagem pela Riachuelo – a pé, de ônibus ou de carro –, não consigo evitar espiar se o relógio instalado no prédio que por décadas foi a sede da Relojoaria Raeder, fundada em 1893, voltou a funcionar.

Infelizmente o relógio trazido da Alemanha em 1895, pelo proprietário da loja, Roberto Raeder, marca há anos a mesma hora: 11h38. Na entrada do número 147, no qual funciona hoje uma loja de roupas usadas, uma placa informa que o marcador histórico foi restaurado em 1996, durante o mandato de Rafael Greca. Depois do fechamento da tradicional relojoaria, a manutenção ficou ao deus-dará. O relógio fica na sacada do "prediozinho" na esquina com a Travessa Tobias de Macedo.

O dono do brechó Curitiba Seminovos, Paulo Soares, conta que planeja recuperar as vitrines e prateleiras da antiga relojoaria. Entre cabides e araras de roupas usadas, a loja ainda esconde outras relíquias, como o antigo cofre da Raeder, que agora serve para guardar os cartões de visita do comerciante. Do lado de fora, gente que aprecia a preservação da história da cidade torce para que Soares consiga levar adiante o projeto de restauração. Iniciativas como a dele, de outros comerciantes e moradores da região são um alento. Agora é esperar para saber se o velho relógio voltará a marcar as horas.

O colunista Fernando Martins está de férias e volta a ocupar este espaço dia 4 de maio.

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