A palavra “professor”, além de significar “aquele que educa”, também designa a pessoa que anuncia publicamente sua religião. Nestes tempos, esse parece ser o caso de quem trabalha no ensino público: é uma questão de fé seguir na atividade de ensinar crianças e jovens.

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As autoridades brasileiras, por exemplo, adoram dizer que a educação é prioridade absoluta. Mas isso costuma ficar nas palavras. A presidente Dilma Rousseff adotou, neste segundo mandato, o slogan “Pátria Educadora” como mote de sua administração. Já o governador Beto Richa, quando tomou posse pela primeira vez no governo do Paraná, em janeiro de 2011, adotou esse mesmo discurso de priorizar os investimentos no ensino público.

A Pátria Educadora de Dilma, porém, restringiu o acesso ao Financiamento Estudantil (Fies) sob o argumento de que não há mais dinheiro disponível. Com isso, frustou os sonhos de milhares de estudantes universitários. É de se questionar: a educação não era, afinal, prioridade da gestão?

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O 29 de abril de 2015, pela gravidade ainda maior do que o 30 de agosto de 1988, será sentido por muito tempo

Inimaginável e incomparável em relação a um contingenciamento de recursos orçamentários, porém, é a repressão aos professores estaduais praticada pelo governo Richa na semana passada para aprovar o projeto de reestruturação da Paranaprevidência. Os educadores foram tratados como inimigos, agitadores, criminosos – embora no discurso de posse, no início deste ano, o governador reeleito tenha afirmado que seria o “guardião dos mais firmes princípios”, dentre os quais “a convivência pacífica entre os contrários”.

A batalha do Centro Cívico, contudo, era impensável não apenas em função das palavras de Richa. O papel, enfim, aceita tudo e não necessariamente há correspondência entre o que se diz e o que se faz. Mas havia antecedentes que alertavam para o erro que seria usar a força contra os professores. Em fevereiro, eles haviam conquistado a opinião pública ao lutar contra o primeiro projeto para modificar a previdência estadual. E a repressão ao professorado em 1988, durante o governo de Alvaro Dias, era uma ferida ainda aberta entre os educadores paranaenses.

O 29 de abril de 2015, pela gravidade ainda maior do que o 30 de agosto de 1988, será sentido por muito tempo. E os efeitos vão além dos ferimentos e das eventuais perdas econômicas dos servidores com a nova lei da Paranaprevidência. Quem, afinal, vai querer ser professor da rede estadual de ensino se é dessa forma que as autoridades tratam aqueles que têm por missão educar as crianças e jovens paranaenses? Decidir-se pela carreira de professor da rede pública parece mesmo ser uma questão de fé na profissão.

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