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Deu na velha e indormida imprensa (escrita). Ama­nhã, em Foz do Iguaçu, acontecerá o 1.° Campeo­nato Mundial de Arremesso de Notebook. Verda­­de. E, segundo a notícia, o torneio tem um desafio ecológico: fazer com que a população pergunte para onde vai esse tipo de lixo, que é "um lixo rico". Afinal, segundo os idealizadores da competição, de cada tonelada de placas de computador é possível retirar de 200 a 300 gramas de ouro.

Beronha ficou antenado, mas desistiu da corrida em busca do ouro:

– Não é propriamente o que eu chamaria de uma Serra Pelada... Já pensou reunir uma tonelada de placas?

E tem mais: se em todo o mundo são 11 toneladas de baterias dispensadas por ano, haja passaporte – menos para Honduras.

De qualquer forma, Natureza Morta anotou outros detalhes: não haverá restrição a marcas, modelos ou peso, porquanto são "categorias livres". Pelos treinos já realizados, os notebooks "estão viajando algo entre 25 metros e 30 metros". Ah, paralelamente será realizado o 2.° Campeonato Sul-Americano de Arremesso de Celular. Para o celular, no entanto, como já existe uma política de reciclagem, o usuário-competidor deverá levar o aparelho ao fabricante, depois do lançamento, é claro, para a correta destinação.

Nessa categoria, por supuesto, a coisa vai mais longe. Tanto que o recorde brasileiro é de 87,23 metros. O recorde mundial é de um finlandês, com arremesso de 94,97 metros, em 2005, quando, especula Natureza, os celulares eram verdadeiros tijolões.

Mas, antes que alguém dispare procedentes ou sibilinos e-mails, aí vai o básico: a inscrição será feita apenas no dia do evento, e o competidor deve levar 2 quilos de alimentos não perecíveis.

Depois, conversando com a parede, na mansão da Vila Piroquinha, e no caso a parede é próprio Beronha, Natureza foi obrigado a admitir que ocorreu uma certa evolução. Não somente em notebooks e celulares. Tal "esporte" é bem melhor do que coisas estúpidas como o arremesso de anões. É, na França, bem lá atrás, já havia notícias de arremesso de gente. Em Nova Iorque, inclusive, virou tradição o concurso promovido por um bar de Long Island. Com a cabeça protegida por um capacete, os anões eram "catapultados" num local especialmente preparado para a "prática esportiva", tudo acolchoado. Como diriam hoje, belê, não?

Acha Beronha que os participantes não tinham direito a "escapes" nem "altes-morrinho", referindo-se ao nosso prosaico jogo de búrico, ou bolinha de gude. Isso, claro, quando era "à ganha", já que ele nunca competia "à brinca".

Difícil prever quem será o campeão em Foz. Até porque, em tal área, os conhecimentos aqui da casa se limitam aos ultrapassadíssimos cuspe a distância, arremesso de guimba de cigarro e lançamento de tampinhas de cerveja – ou de gasosão da Cini – em jogo de tique.

– Hein?

Tique era assim: você martelava e amassava as tampinhas até torná-las uma espécie de moeda. Depois, cada jogador se postava diante de um muro ou parede e, um por vez, lançava a sua tampinha de modo a conseguir um cinematográfico efeito (hoje seria digitalizado) de ricochete – o esperado "boas de volta". A chapinha que fosse parar mais longe dava a vitória ao bravo "discóbulo" de arrabalde.

Não poluía. E era mais divertido.

Francisco Camargo é jornalista

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