Desfiles de ontem e de hoje

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Em Brasília, 18 horas. Epa, erramos de bordão. Em Brasília, 7 de Setembro de 2006. Estamos prontos para assistir ao desfile. Um espetáculo, começando pela Esquadrilha da Fumaça. Mas o que chamou a atenção do Beronha, em especial, foi a passagem dos alunos da Academia Nacional de Polícia, do Departamento de Polícia Federal. Aplaudidos já no momento em que foram anunciados pelo sistema de som, homens e mulheres entraram na avenida para um desfile impecável. Detalhe: todos usavam vistosos óculos escuros, com uma rara exceção ou outra. Parecia, sob o sol do Planalto Central, a multiplicação dos personagens de Matrix Reloaded.

– Deve fazer parte do equipamento de trabalho...

Natureza Morta deixou escapar:

– Pior seria uma parada com desfile da banda da polícia secreta...

Mas, falando sério, há desfiles e desfiles. Alguns altamente traumáticos. Beronha, sempre ele, não esquece um 7 de Setembro de muitos anos atrás. Estudava no Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva, em Curitiba, quarto ano. Naquela época, a Rua XV não tinha sido transformada em calçadão. E lá seguia o nosso herói, na última fila, guarda-pó branco, alvo, bem passado.

A turma era disposta em ordem crescente, ou seja, primeiro os baixinhos, depois os medianos e os grandões. Ou a curriola chamada de espana-lua.

Depois de vencer uma, duas quadras, eis que a turma do quarto ano passa em frente à antiga Farmácia Minerva, na esquina com a Dr. Muricy.

Um gaiato grita do meio da multidão:

– Aí mocorongo!

Outro aproveita a deixa:

– Aí repetente!

As ofensas pegaram na testa de Beronha. Afinal, era piá tipo espingarda, mas nunca um mocorongo, muito menos repetente. Só não debandou com um arranque de cachorro atropelado porque era impossível romper o cordão de isolamento. Mas tratou de fugir da escola no dia seguinte. Com nota 10.

Parece que não foi dessa vez...

Todo mundo leu – ou deve ter lido ou visto na televisão – que pesquisadores do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) testaram o LHC, o maior e mais caro experimento de Física de todos os tempos. Um primeiro feixe de partículas foi injetado no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês). Não faltaram alertas sobre os riscos de mexer com o desconhecido.

Tanto que um grupo de cientistas organizou em Genebra uma festa pouco comum: The End of the World Party (A festa do fim do mundo). Infelizmente, como continuamos encarando a vidinha por aqui, parece que a bombástica festa de encerramento foi adiada.

Beronha:

– Adiada sine die, sem data marcada, como dizia aquele colunista.

Declaração de voto

Natureza descobriu um homônimo do Beronha candidato a vereador . É o Beronha do PRTB.

O nosso Beronha alerta que não é candidato a nada. Ou, como diria do alto de seus dois metros de altura e com espírito de flor de laranjeira o Franklin Martins, "sou candidato apenas a ir para casa".

E Beronha já tem candidato. Em todo o caso, boa sorte ao "xará".

Francisco Camargo é jornalista