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 | Ilustração: Felipe Lima
| Foto: Ilustração: Felipe Lima

Quando um colega me contou – assim, a troco de na­­da – que o físico Stephen Hawking tem certeza de que existe vida fora do planeta Ter­­ra, colocou uma pulga atrás da minha orelha. Há muitos anos decidi que não acredito em ETs. Não concluí, apenas decidi, já que sei tão pouco sobre o assunto que não dá para fazer uma análise, levantar uma hipótese e chegar a uma conclusão. É como a fé em um ser superior: algumas pessoas decidem acreditar que há uma mente criadora; outras concluem que ela existe depois de muito pensar no assunto. Acho que a maioria decide, opta ou segue um instinto sincero e, provavelmente, esses terão a fé mais forte.

Voltando ao Stephen Hawking, ele teria dito que, ao enviar naves para vasculhar o interior do Univer­­so, podemos provocar outras criaturas que estão lá, quietinhas em suas galáxias, mas que podem se sentir agredidas com a invasão de seu espaço celeste.

Pois dois dias depois, estou eu procurando algo para ver na tevê com os meus filhos, e me aparece o Stephen Hawking em um programa em que ele apresenta o Universo aos leigos. O físico mais importante desde Albert Einstein vai mostrando a composição do Universo, começando pelo planeta Terra, que está dentro de um Sistema Solar, que por sua vez faz parte de uma galáxia, a qual é uma das cerca de 500 bilhões de galáxias que se estima haver no Universo. Já viram aonde o Haw­­king quer chegar, não é? Com tantas galáxias e planetas, cresce muito a possibilidade de haver formas de vida em outros lugares além da Terra. Formas estranhas aos nossos olhos, é claro.

Quer dizer que aquelas criaturas esquisitas de Guerra nas Estrelas não são tão inverossímeis? Haw­­king diz que não.

Aliás, vou ter de mudar minha forma de ver Guerra nas Estrelas. Sempre que apareciam os companheiros estranhos dos jedis (o peludão Chewbacca, o orelhudo Yoda), eu pensava: "Pisaram na bola ao colocar esses exageros. Fica tão inverossímil!". Pelo jeito, o George Lucas fez a lição de casa direitinho antes de inventar o bando de esquisitos. Eu é que não sei nada.

Diz o Hawking, com certo desprezo pela espécie humana (isso é dedução minha), que o ser humano é apenas uma figurinha minúscula dentro de um universo infinito. Seria um argumento perfeito para reduzir nossa empáfia de seres que se acham especiais. Pois me conduziu a um raciocínio oposto: não é incrível que estes serezinhos minúsculos, perdidos em um galáxia entre milhões, tenham consciência dessa infinitude toda? E de sua própria pequenez? Eu acho incrível.

A consciência nos faz buscar questionamentos e compreensões, cria angústias e, talvez, gere paz (a paz de quem descobre seu lugar e o aceita). Sentir-se um pontinho ou até menos que isso em um mundo gigantesco, brilhante e explosivo, onde estrelas morrem e buracos negros geram vida não é tão ruim assim. E que venham os ETs!

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