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É da gíria dos pilotos de aviões a frase: A bruxa está solta! Isto é dito quando acontecem acidentes aviatórios seguidos. Atualmente, a bruxa apoderou-se de todo o sistema da aviação comercial brasileira – não só dos aparelhos destruídos em desastres, onde em pouco tempo perderam a vida quase quatrocentas pessoas. O fato é que o transporte aéreo do Brasil se encontra em confusão, o que estão convencionando chamar de apagão. A situação é verdadeiramente caótica.

A Gazeta do Povo está publicando uma seqüência de reportagens sobre a crise aérea que aflige o Brasil. Para manter o embalo do clima, a Nostalgia aborda um pouco da história da nossa aviação local. Já publicamos, em números anteriores, fatos como quando voou o primeiro avião em Curitiba, em abril de 1914. A primeira escola de aviação instalada no bairro do Portão em 1919, em cujo campo o avião Anhangá, que fazia uma viagem Rio–Curitiba, capotou.

Da nossa capital saíram três pilotos que participaram da 2.ª Grande Guerra. Curiosamente, divididos. Um deles foi lutar na Resistência francesa; outro, nascido no Portão, participou da aviação de guerra da Alemanha; e, finalmente, um terceiro, nascido no Batel, combateu pela Inglaterra como comandante de ala de bombardeiros. Seu nome era Cosme Gomm.

O Aéreo Clube do Paraná foi criado no começo da década de 1930, e veio a formar sua primeira turma de pilotos no início do ano de 1939. Desde então, seus alunos ou se dedicaram tanto aos vôos de lazer ou também participando da aviação comercial.

A aviação por estas bandas sempre teve os aficionados, com participação em outras modalidades de esportes aéreos – como o pára-quedismo e os vôos em planadores. No bairro do Batel, foi instalada uma fábrica de aviões e planadores, e desses últimos foram construídos algumas centenas. Atualmente, a fábrica desenvolve um modelo de avião para instrução e outro para uso em agricultura.

Passada a Revolução Constitucionalista de 1932, o Exército instalou nas dependências do espaço cedido ao Aéreo Clube, no bairro do Bacacheri, o 5.º Regimento de Aviação, cujo aquartelamento ficou conhecido como a Base Aérea. Ali, serviram famosos oficiais aviadores brasileiros – incluindo o lendário Melo Maluco, para quem a população creditava as mais estapafúrdias proezas.

A aviação comercial atingiu o Paraná quando foi inaugurada, com hidroaviões da companhia alemã Condor, uma linha que fazia o litoral brasileiro, tendo em Paranaguá uma das suas estações de passageiros e cargas. Isto teve início em 1927. Curitiba começou a ser servida pela aviação comercial no final da década de 1930, quando a pista do aeródromo do Bacacheri já estava funcionando.

Durante a 2.ª Guerra foi construído o aeroporto na colônia Afonso Pena, em São José dos Pinhais, pelos norte-americanos, que acharam ser ali um local apropriado pelo fato de poder ficar camuflado em grande parte do ano pelo nevoeiro originário do Rio Iguaçu. Em 1946, após o fim da guerra, aquele campo de aviação começou a ser usado pelas companhias comerciais.

O tempo poético dos arrojados pilotos, com suas fantásticas máquinas voadoras, passou. Hoje – na era do jato, dos supersônicos e das monstruosas aeronaves, que transportam centenas de passageiros através do planeta –, nós brasileiros deparamos com uma incompreensível situação, verdadeira bagunça que avassala os céus do país. Não só as bruxas estão soltas, como também o rei está nu.

As fotografias que escolhemos para a Nostalgia de hoje pouco têm a ver com tragédias, mas que, entretanto, servem para lembrar os bons primeiros tempos da aviação local. Na foto número 1, vemos o público na estação de passageiros do Bacacheri esperando um artista famoso que estava para chegar, isto em 1939.

A segunda imagem foi feita no Aeroporto Afonso Pena, em 1955, quando o público aguardava a chegada de Juscelino Kubistchek, então candidato à Presidência da República. Na terceira foto, vemos uma esquadrilha de aviões Corsários sobrevoando o colégio católico no bairro do Seminário, em 1936.

Na quarta foto, aparece um grupo de alunos do Aéreo Clube em frente do avião Fleet, no qual tinham instrução de vôo, isto em 1938. A quinta foto mostra o último dos três Fleet. Esse avião caiu junto ao aeródromo do Bacacheri na década de 1960, quando perdeu sua hélice em pleno espaço. Terminamos a seqüência de imagens, mostrando na sexta foto o avião Corsário, que caiu, num quintal da Rua Marechal Floriano, quando seu piloto se exibia para a namorada dando rasantes sobre a casa da mesma, no final dos anos 30.

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