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Domingo passado, contamos alguma coisa sobre o Rio do Ivo, que nasce no bairro do Batel e deságua no Rio Belém. Houve interesse por parte de alguns leitores em saber mais sobre a bacia hidrográfica de Curitiba e a razão da mesma hoje estar tão poluída.

O que podemos descrever aconteceu durante o período da nossa infância, em toda a década de 1940. Justamente sobre o Rio do Ivo, podemos relatar melhor. Afinal de contas, nascemos a uma quadra do olho d’água que forma a sua corrente líquida, entre as ruas Saldanha Marinho e Carlos de Carvalho.

Naquele tempo o rio corria a céu aberto, tendo suas margens protegidas pela vegetação. Lembramos que na Rua D. Pedro II, logo atrás da Cervejaria Cruzeiro, as suas águas cortavam um bosque de árvores, sendo que as mesmas eram límpidas e possuíam uma quantidade significativa de pequenos peixes. Entre as ruas Teixeira Coelho e a Ângelo Sampaio, as suas águas eram engrossadas por outro riacho cuja nascente ficava no terreno do então engenho de erva-mate da firma BR de Azevedo, instalado na Avenida do Batel, onde por sinal havia um pequeno tanque de águas cristalinas onde diversos acarás de tonalidade azul podiam ser vistos. Hoje, no local se constrói uma igreja evangélica.

Dissertar sobre os rios e riachos dos tempos idos de Curitiba nos tomaria muitas páginas de Nostalgia. Podemos afirmar que a poluição da maioria deles começou a se apresentar após o meado da década de 1950, ressalvando-se aí o Rio Belém, que já vinha com suas águas totalmente deterioradas desde o bairro de São Lourenço, onde a poucos metros de sua nascente existia um curtume que usava o Belém para descarga de todos seus detritos químicos. As águas, assim poluídas, alimentavam o lago do Passeio Público, de onde miasmas fedorentos empestavam toda a região. Tal problema acabou quando, em 1965, as águas do Rio Belém deixaram de circular pelo Passeio, sendo que a poluição do rio logo amainou por ter sido fechado o curtume seu agressor.

Curitiba, pela sua constituição topográfica, possui vários divisores de águas com nascentes em todo o município e região metropolitana. Antigamente, os poços instalados nos quintais forneciam água pura e fresca, eram famosos alguns que, por inclemente que fosse o período sem chuvas, jamais ficavam secos.

Para que o nosso leitor tenha uma idéia de como eram límpidas as águas curitibanas, ilustramos a Nostalgia deste domingo com as seguintes fotos:

A primeira foto mostra um piquenique da sociedade alemã, hoje Duque de Caxias, na Cascatinha do Rio Uvú, no final da década de 1890. O fotógrafo tinha que ter paciência de alemão para arrumar toda esta multidão em torno daquela queda d’água. Valeu o registro para a história. A cascatinha é a mesma que dá o nome ao restaurante da família Trevisan, em Santa Felicidade.

Nas outras duas fotografias, feitas em 1937, cedidas por dona Ruth Garti Assunção, vemos banhistas aproveitando a mesma cascatinha de Santa Felicidade para um banho refrescante. Dona Ruth é a menininha de 3 anos segurando a mão do pai. Na atualidade, é difícil de imaginar que era possível tomar banho naquele local.

Na última foto, de 1906, vemos a Rua do Rosário com um pipeiro transportando água em sua carroça para servir as casas do centro de Curitiba que não possuíam poços. A água era do chafariz da Praça Zacarias, encanada de um olho d’água existente no terreno onde hoje é a Praça Rui Barbosa.

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