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No domingo que passou abordamos os acontecimentos que estão movimentando os curitibanos que vivem na região da Pracinha do Batel, nas confluências das ruas Carneiro Lobo, Gonçalves Dias e Costa Carvalho. A matéria teve uma repercussão impressionante, o nosso telefone chamava a todo instante, eram os leitores contrários à mutilação daquele histórico logradouro.

Um dos telefonemas nos pedia que abordássemos um problema sério que ocorre no centro da cidade e, principalmente, na Avenida Vicente Machado: o mau cheiro que exala dos bueiros.

Esta é uma longa história que começa lá pela década de 1940, quando os nossos rios que cortam a cidade, e que não são poucos, começaram a receber esgotos das residências e dos prédios que foram aparecendo na paisagem urbana pouco a pouco e, a partir de 1960, com abundância. As águas que antigamente serviam para lavar roupas e que possuíam peixes e serviam para criação dos batráquios acabaram virando caldo de fossas.

Certas peripécias que são praticadas o povo costuma chamar de jeitinho brasileiro. Em nossa cidade existem muita ajeitação que ninguém, com o tempo, sabe explicar como aconteceu. Nos casos ocorridos com os nossos rios, muitas vezes temos as histórias e os porquês que aconteceram. É sabido ser proibido construir-se qualquer edificação nos fundos de vales, entretanto num espaço de pouco mais de cem metros o Rio Água Verde sofreu duas sérias interferências.

Na Avenida República Argentina, entre a Silva Jardim e a Iguaçu, em princípios da década de 1970 foi construído um edifício com sapatas introduzidas no próprio leito do Rio Água Verde. Nos fundos deste edifício, a menos de cinqüenta metros, a falida Encol ergueu mais dois prédios e desviaram o leito do rio noventa graus, fazendo-o acompanhar o muro divisor com a Sociedade Internacional e atravessar a Avenida Iguaçu. Conseguiram fazer a água sair do fundo do vale e praticamente subir a elevação. Esta ajeitação pode ser considerada jeitinho?

Quanto à fedentina que ocorre por onde passa o Rio do Ivo, desde a confluência da Rua Coronel Dulcídio com a Vicente Machado e até desembocar no Rio Belém, na Rua General Carneiro, a explicação é simples: em 1992 o leito natural do Ivo foi desviado da Rua José Loureiro e jogado no canal de vazão que passa pela Rua Pedro Ivo, canal este que foi construído pelo antigo DNOS entre 1969 e 1972. Aconteceu o óbvio, nas grandes enxurradas as águas se dividiam na Praça Ozório e se encontravam na Praça Carlos Gomes, não tendo por onde passá-las se estancavam vindo a estourar nos bueiros da confluência da Avenida Vicente Machado com a Visconde de Nácar.

Após algumas suposições, a prefeitura resolveu abrir grandes caixões sob a pista da Vicente Machado, a partir da Coronel Dulcídio, para então conter o volume das enxurradas, tendo parecido que tinha dado certo, entretanto não aconteceu o esperado, os ditos caixões ficaram como depósitos de água e dejetos putrefatos ocasionando o mau cheiro da atualidade.

Ilustramos a Nostalgia deste domingo com fotos da região onde passava o Rio do Ivo, entre as ruas José Loureiro e Pedro Ivo. A imagem maior mostra uma enchente do Ivo exatamente naquela região, o muro da direita pertencia a um terreno baldio onde por muito tempo se instalavam parques de diversões, mais tarde foi estacionamento das Lojas Hermes Macedo, tal estacionamento funcionou até pouco tempo, no local está sendo construído um shopping. A foto é de fevereiro de 1945.

Na segunda fotografia, temos a mesma quadra vista da Rua Pedro Ivo para a José Loureiro, em imagem feita no ano de 1948. Podemos notar que os prédios do lado direito se conservam em sua maioria, já o lado esquerdo desapareceu, ao fundo aparece o então prédio do Clube Curitibano em construção.

A terceira imagem é de uma fotografia aérea feita em 1935. Vemos em primeiro plano a Rua Barão do Rio Branco sendo cortada pela José Loureiro, tendo na esquerda a Rua Pedro Ivo. Podemos ver o terreno baldio entre as duas ruas, com frente para a Barão do Rio Branco, onde aparece o Rio do Ivo em seu leito natural. Ao fundo, distinguimos a Praça Carlos Gomes.

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