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A semana que passou foi agitada no ponto mais conhecido da Avenida do Batel, exatamente na conhecida Pracinha do Batel, cujo nome é Miguel Couto, e a razão se prende ao fato de existir um plano para cortar aquele logradouro ao meio, plano este como sendo idéia do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. O projeto, como alguns outros que foram aplicados na cidade, chega a dar alguns arrepios.

A desculpa apresentada está se prendendo a ligação do bairro do Água Verde com o norte da cidade e que para tal aconteça seria necessário cortar a Pracinha do Batel ao meio ligando a Rua Carneiro Lobo com a Rua Desembargador Costa Carvalho. Quem conhece o Batel há 70 anos como este escriba, que é nascido e ainda vive por lá, sabe perfeitamente que o tal plano não visa melhorar o acesso e tampouco o tráfego de automóveis, pretendem atender não o conforto da população, mas sim um interesse comercial.

O Batel sempre foi um bairro visado como um centro de moradias dos abastados. Ali os milionários do ciclo da erva-mate, da madeira e do café construíram suas mansões, das quais bem poucas ainda restam. Com o encerramento da circulação dos automóveis na Rua XV de Novembro no início da década de 1970 a população jovem tomou conta da Avenida do Batel para, ali, realizarem seu footing automobilístico dominical, situação que perdurou até bem pouco tempo.

No final da década de 1940 e início dos anos cinqüenta duas imensas propriedades foram usadas para instalar residências de alto luxo. O antigo Parque Providência e outro espaço vizinho, conhecido como o Mato do Macedo, foram adquiridos pela firma Aranha S/A no tempo em que era prefeito Ney Braga. Criando-se então um loteamento de alto custo que a população batizou de Bragalândia.

Contar detalhadamente a história deste bairro exigiria um espaço maior, coisa que faremos em uma publicação especial sobre o Batel. Vamos, portanto, nos ater a agitação que está acontecendo pela intenção e pretexto da prefeitura em mutilar a histórica Pracinha do Batel. Segundo a tradição, naquele local ficou encalhado o barco (batel) do alfaiate curitibano que pretendia levar uma marujada que promovera em Curitiba, em meados do século XIX, até São José dos Pinhais, cuja estrada saía por aquele local. O carro de bois que transportava o batel quebrou, derrubando o tal barco e quebrando-o numa das valetas à beira da estrada. Lá ficou o tal batel por bom tempo e acabando por emprestar o nome à região.

A polêmica sobre a mutilação da Pracinha do Batel está criada. O escriba desta página, como bom batelino, é contra este plano do Ippuc e até arrisca um palpite: já que a intenção é melhorar o tráfego entre os bairros do Batel e do Bigorilho que tal abrir a Rua Bruno Filgueira, entre a Avenida do Batel e a Olavo Bilac? Satisfaria plenamente até o próprio shopping center que se pretende instalar no terreno que foi, um dia, de um dos pioneiros do comércio da erva-mate, o inglês mister Henry Gom. Estaria aquele futuro ponto comercial atendido diretamente pelo fluxo de automóveis. Aliás, convém lembrar de outra rua que ajudaria, também, se fosse aberta na região, a Rua D. Pedro II.

Vamos agora para as ilustrações da Nostalgia de hoje.

Na foto maior, de 1905, vemos um bondinho de mulas estacionado na futura Pracinha do Batel com meia dúzia de cavalheiros aboletados no seu interior esperando a parelha de animais que os levaria para o centro de Curitiba.

A segunda fotografia mostra o Engenho Tibagy de propriedade do Barão do Serro Azul em 1887 instalado no arrebalde do Batel. O cavalo está no lugar onde hoje começa a Rua Gonçalves Dias; as valetas como que demarcam o local da futura praça, à direita a estrada para Campo Largo e também conhecida como Estrada do Mato Grosso e futura Avenida Bispo D. José. No local do engenho de erva hoje existe o Edifício Napoleão Sbravati.

A terceira imagem apresenta a Pracinha do Batel em 1937. O bonde elétrico indo em direção ao bairro do Seminário tendo ao fundo a edificação onde funcionou o antigo Liceu Rio Branco, no mesmo local do então engenho de erva do Barão do Serro Azul.

A quarta imagem, feita em dezembro de 1915, mostra uma criança brincando entre as pedras dos meios-fios que seriam usadas no contorno da futura pracinha.

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