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Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical" | Reprodução www.globo.com/paraisotropical
Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical"| Foto: Reprodução www.globo.com/paraisotropical

"A Comissão de Constituição e Justiça aprovou ontem um projeto de lei que proíbe o uso de animais selvagens ou domésticos em espetáculos circenses ou similares em todo o Paraná." Com essa abertura, a Gazeta do Povo da última quarta-feira reporta à proposta do deputado estadual Luiz Nishimori, que segue os passos da proposta do vereador curitibano Jair Cezar.

O escriba aqui, muito ligado à convivência com animais (ditos irracionais) desde a mais tenra idade, observa que os ilustres legisladores foram definitivos nos seus propósitos de salvaguardar o bem-estar da alimária artista. O espectador jamais irá assistir em nossas plagas a espetáculos, como por exemplo, com cães amestrados ou qualquer outro bicho doméstico. A dupla solerte liquidou, por baixo, uma espécie de show que já vem dos tempos bíblicos.

Retirar animais de circos mambembes, cuja bilheteria não paga nem a média com pão e margarina que alimenta os artistas humanos. Uma vez por dia é de se concordar que tal arena não tenha condições de, por exemplo, ter um leão, cujo animal receba uma pelanca cheia de varejeiras lá de vez em quando.

Antigamente, Curitiba recebia circos famosos como o Sarrasani – que esteve instalado na Praça Ouvidor Pardinho, em 1935. Esse circo possuía só de elefantes mais de vinte exemplares, e seus números eqüestres eram os mais famosos do mundo. Pergunto à dupla legislante se uma apresentação de equitação na Sociedade Hípica está por acaso atrelada aos espetáculos similares constantes na proposição? Ou se por acaso surgir um circo internacional com espetáculos grandiosos, incluindo animais, em visita ao Brasil, ele poderá se apresentar no país inteiro menos no Paraná?

Usos e costumes surgem e desaparecem, sem a necessidade de serem regidos por leis. Sou extremamente favorável a elas quando na proibição de brigas entre bichos, como as que são levadas em rinhas, onde confrontam galos, e em outras promovidas entre canários-da-terra, espetáculos deprimentes dignos de mentes (humanas) doentias. O brasileiro é um grande consumidor de carne, entretanto, nunca soubemos que alguém por aqui apreciasse carnes de cavalos, cachorros e baleias, além de deliciosas cobras. Tudo isso consumido lá para as bandas do Oriente.

Lembro do velho Lulo, meu pai, um emérito caçador de fins de semanas e cuja grande preocupação era capturar animais vivos, incluindo no rol cobras peçonhentas, que eram passadas ao naturalista Albert Hass, que as colecionava e estudava. O quintal de nossa casa, no Batel, sempre tinha um hóspede vindo da floresta e que convivia tranqüilamente com os habitantes do galinheiro. Muitos deles eram posteriormente destinados ao Passeio Público.

O nosso Passeio Público, quando foi criado, há mais de cento e vinte anos, funcionava apenas como um parque de lazer e como um pequeno jardim botânico. Não existiam animais em suas dependências. No começo do século passado, foram surgindo vários pavões oriundos do Rio e de São Paulo, os quais eram adotados por muitas famílias ricas de Curitiba. Em poucos anos, surgiu um boato de que quem os possuía em seus jardins era atingido pela praga rogada por uma rainha indiana nas pobres aves.

Dizia-se que tal prenúncio tornara o pavão como ave de mau agouro, e quem os tinha corria o risco de se tornar um mentecapto. Verdade ou não, depois de dois ou três casos de demência, os pavões começaram a ser abandonados nos jardins do Passeio Público, levando a culpa, talvez, em lugar da sífilis hereditária. Depois desse meu comentário animado; ou animalado? Vamos partir para as fotografias.

Abrimos com a imagem de um saltimbanco passando com um urso amestrado na esquina da Rua Marechal Floriano com a Avenida Iguaçu e seguido pela piazada curiosa, em março de 1906.

Na segunda fotografia, vemos toda a troupe de ciganos com seus dois ursos e mais um macaco mandril, na sua visita a Curitiba em março de 1906.

Uma das provas de que a nossa municipalidade sempre se preocupou com o bem-estar dos animais é a terceira foto com cavalos se dessedentando num dos vários bebedouros instalados para tal fim, em diversos pontos da cidade. O bebedouro da foto ficava na região da Estação da Estrada de Ferro. Foto da década de 1930.

A quarta fotografia executei num domingo do começo deste século, quando um ilustre carroceiro levava amigos, parentes e dois posudos cachorros a passear na sua incrementada carroça.

As duas últimas fotos vão ficando assim mais para álbum de família. Na quinta, aparece o irmão caçula, o Luís Carlos, junto a um cateto caçado pelo Lulo e criado desde pequeno, a mansidão do animal era de causar admiração.

Na sexta foto me ponho eu mesmo junto ao Sultão, no jardim do Museu Paranaense, no início de 1950. Quem viveu no Batel naquele tempo conheceu bem esse cachorro, de origem belga, fazendo seus incríveis truques.

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