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BondesNivelle, fabricados na Bélgica, foram os primeiros elétricos de Curitiba. Foto da Rua XV de Novembro, em 1925 | Arquivo CD
BondesNivelle, fabricados na Bélgica, foram os primeiros elétricos de Curitiba. Foto da Rua XV de Novembro, em 1925| Foto: Arquivo CD
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Saudades

Cândido Gomes Chagas

Não poderia deixar de citar o falecimento, no último dia 5, do amigo e colega jornalista Cândido Gomes Chagas. O Candinho, como era conhecido, foi uma figura polêmica e muito séria na profissão. Editor da revista Paraná em Páginas, ele lutou em prol de Curitiba e do Paraná, sempre alerta contra os desmandos da coisa pública. Cultivador da memória histórica da cidade, chegou, como fanático coxa-branca, a mudar o nome do estádio do seu time, de Belfort Duarte para Major Couto Pereira. Dentre uma das suas últimas campanhas, atacou a irregularidade dos radares no trânsito de Curitiba. Com o seu desaparecimento, perdemos um lutador e, particularmente, perco um bom amigo. Suas polêmicas, na Boca Maldita, não terão quem as substitua.

  • Bonde vindo pela Rua Barão do Rio Branco, em frente do prédio do antigo Clube Curitibano, em 1931
  • Estação de bondes na Praça Tiradentes, em 1939. O bonde que aparece teve a sua carroceria criada e construída em Curitiba
  • Bonde de mulas circulando pela Rua XV esquina com atual Monsenhor Celso, em novembro de 1911
  • BondeBirney, fabricado nos Estados Unidos, dirigindo-se ao ponto final do Seminário, em 1940
  • Praça Tiradentes em 1934, com obras para a instalação da Estação de bondes de onde partiriam os mesmos para os mais diversos bairros da cidade

As pessoas que gostam de acompanhar os fatos que acontecem por esta Curitiba velha de guerra já estão acostumadas com as famosas conversas mole pra boi dormir dos lidadores com a gerência dos serviços de utilidade pública. Uma das grandes potocas que ouvimos, há mais de trinta anos, se refere à volta dos bondes – não os antigos, mas sim modernos como os que circulam em diversas grandes cidades da Europa.

Ficou na conversa. Primeiro seria bonde, depois metrô e vice-versa. Para enfeitar o papo furado, foi sugerido que o antigo bonde que sobrou, pura sucata, iria circular numa linha entre o Passeio Público e a antiga Estação Ferroviária. Uma linha imaginária, caprichosamente traçada em uma das pranchetas do Ippuc, cheia de floreiras no percurso, com direito a espelho d’água. Uma maravilha! Tem-se a impressão de que aquela turma pensa que trabalha nos estúdios da Disney e que Curitiba não passa de uma ilha da fantasia.

Plantas, maquetes e outras manifestações artísticas devem encher armários, caixotes e mapotecas. Tudo tão fácil, é só fazer, no papel, é claro. É de se ficar imaginando o deslumbramento do pessoal enfeitando o pavão e pintando o rabo do tigre. É fantástico como se passam os dias bolando coisas mirabolantes.

A verdade é que os bondes modernos não aconteceram, foram trocados pelos maiores ônibus do mundo. Tudo aqui é maior, melhor e sempre damos exemplos para fora do país. Temos de tirar o chapéu, pois, afinal, qual a razão para termos bondes elétricos e não poluentes, se podemos usar os maiores ônibus do mundo, fabricados no Brasil? Uma poluiçãozinha com a fumaça do óleo diesel não pode afetar a fama de que moramos na capital ecológica. Me engana com outra, vai!

Quanto ao velho bonde Birney, que um especialista transformou em verdadeiro Frankenstein juntando um amontoado de sucatas. Esse, por mais que sonhem os poetas, não vai funcionar. É mais um dos atributos da turma especialista em enxugar gelo e encher linguiça.

Para matar a curiosidade, principalmente de alguns estudantes que não conheceram, vai aqui uma seleção dos antigos bondes de Curitiba. Os elétricos, que funcionaram pelas ruas da cidade entre 1913 e 1952, e um exemplar do bondinho de mulas, que rodou entre 1887 e 1913.

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